"No princípio está a comunhão dos Três, e não a solidão do Um." Só esta frase do livro já assinala em que alturas teológicas ele se situa. Partia-se, na teologia clássica, da Unidade de Deus que absorvia as energias intelectuais e espirituais. Depois, como um mistério inextricável, vinha a Trindade. Leonardo Boff opera virada copernicana. Arranca Deus da solidão do Um, que fundava muita espiritualidade individualista, para nos mostrar a natureza última de Deus, que é Amor-comunidade. E pela Trindade fomos criados para ser comunidade. Revoluciona a vida cristã. Viemos de uma comunidade, vivemos numa comunidade e caminhamos para ser eternamente comunidade. E ela se constrói com Deus e com os irmãos. E Leonardo Boff ainda acrescenta, nos últimos escritos: com a natureza. A Trindade funda, portanto, uma espiritualidade comunitária, teologal e ecológica. JB Libanio, sj