Mescla de elementos ficcionais conjugados com peças da vida real, A substituição ou As regras do tagame, do autor vencedor do Prêmio Nobel Kenzaburo Oe, leva os leitores ao sublime por meio de diálogos, memórias e acontecimentos perturbadores.
Em elaborado jogo de espelhos, Oe traz à baila a persona de diversos personagens como a de seu cunhado, o cineasta Junzi Ito (de Tampopo, os brutos também amam, no título brasileiro) e a de seu filho Hikari. Provêm também da vida real seus entreveros com os yakuzas, os mafiosos japoneses.
Nada é completamente fictício, e nada é real por inteiro. A dosagem é fluida. A reflexão sobre o criar, seja na escrita, seja na música, e aqui paira, sereno, o filho — mais uma vez a vida real se sobrepondo à romanceada. Ou o oposto...
Oe lança nesta primeira parte de sua grande trilogia da idade madura um árduo grito sobre a “vulnerabilidade fundamental do homem”, em seus próprios dizeres, e que ele remói a fundo para destrinchar as fronteiras abissais da amizade humana.