"E afinal o mundo nos conduziu a este ponto, no qual devemos nos perguntar se a realidade é realmente real. É real? Não é real? Orson Welles, personagem tangencial de “Chegaram os americanos”, afirmou que nunca almejou a realidade, e sim a verdade. Eis o princípio catalisador de Paulo Ribeiro em seu novo livro.
E a verdade de Paulo Ribeiro surge lisa feito sabonete molhado ou sapo n’água, deslizante como a própria realidade, pois é construída de poesia. O modo enviesado de narrar do autor é conhecido desde “Glaucha” (1989), estendendo-se a toda uma obra que não só pára em pé como desequilibra por sua ousadia experimental.
E a História, assim com H maiúsculo: o quanto há de verdade nela? Partamos do início: a visita ao Brasil de Gregg Toland, diretor de fotografia de “Citizen Kane”, clássico de Orson Welles. Ciceroneado pelo jornalista Justino Martins, o cinegrafista hollywoodiano se depara com a realidade do interior do Rio Grande do Sul.
E a História, assim com H maiúsculo: o quanto há de poesia nela? É necessário refazer a pergunta, afinal temos aqui uma única visão sob duplo filtro: a do fotógrafo e a do escritor. Qual seria mais real? E mais verdadeira? Ambas as respostas estão neste romance de Paulo Ribeiro, um autor que alveja a realidade e acerta a verdade." Joca Reiners Terron