Quem nunca sentiu medo, em algum lugar sombrio ou deserto? Quem não adora a sensação de pavor suscitada por um bom livro de mistério ou filme de terror? O medo, infundado ou não, é uma das mais fortes sensações possíveis. Desde tempos imemoriais, o ser humano se sente atraído por esse sentimento e, como forma de combatê-lo, nada melhor do que confrontar-se com ele.
Edgar Allan Poe, um dos maiores escritores americanos do século XIX, foi o precursor de um gênero que, depois, teria inúmeros seguidores: a narrativa fantástica, beirando os limites do terror. Mas ele não cultiva o terror pelo terror. É inteligente demais para isso. Em seus contos está sempre presente a discussão filosófica, moral ou religiosa, e os conflitos íntimos de seus personagens podem ser considerados verdadeiros tratados psicanalíticos.
Os dezoito contos selecionados para esse volume, não bastassem o requinte e a sutileza dos textos de Allan Poe, foram traduzidos e adaptados por Clarice Lispector, grande escritora que colaborou para a renovação da literatura brasileira a partir da década de 1940.