Rocambolesca fuga de um prisioneiro dos calabouços da Sibéria
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- Certo, mas se ficarmos aqui, por três dias? Enquanto estivermos parados não podemos nos dar ao luxo de acender o fogo. Precisamos guardar a lenha para a viagem ou ficaremos gelados.
- Além disso, vai levar um hora para que a neve se derreta e mais uma para enquentar as batatinhas.
Não se pode fazer nada contra essas objeções. Todos querem comer, agora, aproveitar a realidade das batatinhas frias, mas presentes, do que o sonho das batatinhas quentes, mas talvez impossíveis.
Depois de se saciarem, olham Omsk já não é tão bela, pois uma cerração caiu sobre as torres e os edifícios. Como não há mais nada interessante para se ver, fecham a porta do vagão; o trem porém, só parte à noite. Logo os prisioneiros descobrem, mesmo sem ainda o sentir, o frio do exterior que penatra pelas fendas do assoalho, do forro e das paredes do vagão. Essas fendas, que nenhum guarda ainda descobriu, devem ter sido cavadas com o auxílio de um objeto sem corte; uma colher, ou mesmo, as unhas, por outros prisioneiros.
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BAUER sabe descrever com peculiar felicidade as cenas reais e apavorantes das prisões siberianas, assim se exprimiu sobre este romancista, Henri Charière, autor de "PAPILON".