Os sonhos, a prece, a vida mística, a possessão e os mitos, eis alguns temas destes ensaios que percorrem os caminhos do imaginário tendo como bússola a idéia de "sagrado selvagem", aquele que escapa a controles e formas de domesticação. A crise das instituições religiosas, o desenvolvimento técnico, os processos modernizadores e as revoluções políticas, longe de banirem o sagrado da vida contemporânea levariam ao seu redimensionamento. "Há deuses em todos esses homens que cruzo no caminho", afirma Bastide, "nos mais feios, nos mais miseráveis".
A necessidade humana do divino - que não se confunde com as religiões - é investigada neste livro em textos de formatos variados, construídos entre leituras, recordações de infância e pesquisas antropológicas. Nesse "canteiro de obras" em que se constrói a reflexão, somos apresentados a facetas surpreendentes do pensamento de Roger Bastide. Sua aposta no poder transformador do "sagrado selvagem" permite entrever, entre outros, os contornos de seu humanismo.