São muito diferentes os dois contos de Nathaniel Hawthorne aqui propostos, embora escritos com apenas um ano de distância: O Véu Negro do Pastor em 1836, e A Senhora Bullfrog em 1837.
Em O Véu Negro do Pastor, o protagonista é o pastor Hooper, que um dia se apresenta à função dominical habitual com um véu negro a cobrir-lhe inteiramente o rosto, sem dar qualquer explicação a ninguém.
E continua sempre a endossar o véu, quando passeia e aparece em público. A pequena comunidade de Milford, na Nova Inglaterra, entra em transtorno por aquela estranheza sem resposta, e o véu do pastor torna-se muito rápido um símbolo funesto, o símbolo de algo que tem a ver com os mais abissais segredos da alma e, por isso, inquieta, abala, assusta.
Um ar absolutamente diverso se respira em A Senhora Bullfrog, verdadeiro divertissement sobre o tema do engano, muito aproveitado pelos clássicos, de Chaucer a Boccaccio, e aqui reproduzido no caso de um mercador que se casa com uma garota lindíssima, para descobrir depois, devido a um incidente fortuito, que não é bela e doce como pensava. Contudo, a mulher revelará estar pronta para investir no negócio do esposo os cinco mil dólares ganhos em um processo de ruptura de promessa de matrimônio, e ele se acomodará, bem feliz, à perspectiva segura de um inferno futuro.