Se a imprensa não existisse, seria preciso não inventá-la." Honoré de Balzac, autor da frase, tornou-se imortal graças a excelência de suas observações sobre os vícios e virtudes do ser humano. Não é à toa que o estudo mais completo da sociedade ("A Comédia Humana") é de sua autoria. De seu posto de observação privilegiado - o do gênio -, Balzac escreveu também sobre a imprensa, peça fundamental de qualquer sociedade. Certa de que as obras desse autor estão sempre atuais e continuam iluminando a mente de seus leitores, a Ediouro irá relançar, em outubro, Os Jornalistas, que reúne dois textos de Balzac - Monografia da imprensa parisiense e Os salões literários - com críticas a respeito da onipotência dos jornalistas de seu tempo, sua vaidade venal, a versatilidade de seu julgamento e a influência abusiva que eles exercem sobre os governos. Com prefácio de Carlos Heitor Cony, é um panorama da imprensa nos meados do século XIX que pouco ou nada difere daquilo que hoje conhecemos como mídia. "Temos aqui o Balzac puro, autêntico, anedótico quase. Não o artista de tantas obras-primas que marcam a ficção do seu século, mas o homem sangüíneo e rude, esbanjando inteligência e cólera", afirma Cony.