Apocalíptica e misticismo no cristianismo primitivo

Coleção bíblica Loyola # 48

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A literatura do cristianismo primitivo é caracterizada pela presença de relatos visionários. O messias crucificado é visto vivo por seus seguidores mais próximos, que testemunham sua ascensão aos céus. Depois ele lhes aparece ainda em reuniões de culto e oração. Também no momento de provação de mártires, como Estevão, Jesus se manifesta como Filho do Homem nos céus. É por meio de encontros com o ressuscitado que Paulo se sente chamado para atuar como o apóstolo dos gentios. Paulo e o profeta João, autor do Apocalipse, viajam aos céus para contemplar os mistérios divinos. Se Paulo teme os conteúdos de suas visões e prefere se manter discreto sobre elas, João, por sua vez, escreve uma das obras mais fantásticas do cristianismo primitivo. Nela descreve a corte celeste em torno do trono de Deus e o curso dos eventos escatológicos que conduzem ao juízo e à redenção final. O Apocalipse de João também traz indícios de ascensão visionária aos céus de cristãos em transe durante suas reuniões de culto.Esses fenômenos não devem ser vistos de forma desconexa, como fragmentos exóticos e isolados. Eles configuram o cerne da experiência religiosa do movimento messiânico de Jesus de Nazaré e do cristianismo primitivo.