Hoje em dia, é difícil não conseguir se comunicar. É difícil que alguém conectado não saiba de alguma coisa. Ana Elisa Ribeiro buscou, nesta tecnotragédia amorosa, focar exatamente nos processos de comunicação e propiciar momentos de reflexão sobre a sociedade e a língua, em suas relações com as tecnologias com que temos contato.
A autora, que é antenada e adepta das redes sociais e da Internet, suou a camisa para traduzir a famosa peça de Romeu e Julieta ao internetês. Junto a ela, os irmãos Marcelo e Marconi Drummond, designers que assinam o projeto dessa obra e que já estão acostumados com as propostas malucas de Ana, fizeram uma interessante pesquisa sobre a época em que se passa a história de Shakespeare, no século XVI, para apresentar um projeto bem atual.
Cada elemento de Romieta e Julieu foi muito bem pensado. As imagens, letras, signos, rabiscos formam um ruído interessante para a narrativa e fazem dessa adaptação um divertido exercício de transcrição, uma verdadeira máquina do tempo, toda feita de modulações semióticas e linguísticas que nos ajudam a experimentar a linguagem, a literatura e a vida.