Este livro conta uma história absolutamente inédita e tão fantástica que, se não existissem os documentos comprobatórios, passaria por ficção. Trata-se da primeira biografia de uma ex-escrava africana que viveu em Minas Gerais e no Rio de Janeiro na primeira metade do século XVIII.
Rosa Egipcíaca, ao ser presa pela inquisição de Lisboa, narrou detalhadamente sua vida, desde os 6 anos, quando foi pilhada na Costa de Uidá (Nigéria) e vendida como escrava no Rio de Janeiro, no ano do Senhor de 1725. Deflorada por seu patrão, viveu como prostituta nas Minas por mais de uma década, até que se manifestou seu Espírito, convertendo-a em "Esposa da Santíssima Trindade". Açoitada no Pelourinho de Mariana sob a acusação de feitiçaria, foge para o Rio de Janeiro, onde funda o Recolhimento de Nossa Senhora do Parto, congregando duas dezenas de "madalenas arrependidas", metade delas negras e mulatas.
É proclamada "Flor do Rio de Janeiro" pelo alto clero, suas relíquias são disputadas por numerosos devotos. Suas visões, êxtases e profecias não ficam nada a dever à das grandes santas barrocas.
Foi a primeira escritora negra na história afro-brasileira. Acusada de falsa santidade e diabolismo, passou longos anos nos Cárceres Secretos da Santa Inquisição. O fim de sua vida fantástica continua um mistério: santa ou embusteira, Rosa Egipcíaca foi a primeira "Escrava Anastácia" de nossa história.