Este livro narra em detalhes a descoberta da vala de Perus, trinta anos atrás. E também os cinquenta anos compreendidos entre a construção do Cemitério Dom Bosco, em 1970, e a recente retomada das análises das ossadas em busca de identificação.
Caco Barcellos
Importante registro que conta a história de um dos momentos mais importantes da história do país.
Luiza Erundina
A vala de Perus simboliza um grito de vida e de luta, que nos mostra que não viramos a página da História de um Estado de horrores, violento e omisso. Ali foram abandonados restos mortais de pessoas que tinham rosto, tinham vida, afetos, desafetos e uma história.
Amelinha Teles
Vala de Perus, uma biografia, escrito pelo jornalista Camilo Vannuchi, narra em detalhes a descoberta da vala de Perus, trinta anos atrás. E também os cinquenta anos compreendidos entre a construção do Cemitério Dom Bosco, em 1970, e a recente retomada das análises das ossadas em busca de identificação, trabalho que prossegue em 2020, na Unifesp. O que fica dessa história é que ela continua. Passados trinta anos, ela está mais viva ainda, nunca deixou de estar viva.
Ao longo de 21 anos, a ditadura militar matou mais de 400 opositores, 434 mortos e desaparecidos políticos segundo o relatório final da Comissão Nacional da Verdade. Nunca vamos nos esquecer disso. Pois neste ano de 2020, em plena pandemia, a Polícia Militar de São Paulo matou mais de 500 pessoas apenas no primeiro semestre. Em 2019, só a Polícia Militar do Rio de Janeiro matou quase duas mil pessoas.
No passado, os mortos e desaparecidos políticos, categoria que considera somente as vítimas que exerciam alguma atividade de resistência ou oposição à ditadura, eram majoritariamente jovens brancos, de todas as classes sociais, muitos deles estudantes. Hoje, a história se repete. As vítimas são novamente jovens, mas a maioria formada por negros, e todos, absolutamente todos, filhos de trabalhadores de baixa renda.
A oportunidade de consolidar essa trajetória de meio século num livro-reportagem surgiu no primeiro semestre de 2020, quando a revelação pública da vala e a retirada de 1.049 sacos com ossos estavam prestes a completar trinta anos. O Instituto Vladimir Herzog teve a iniciativa de produzir esta pesquisa e publicar a história da vala em capítulos no portal Memórias da Ditadura, uma das mais completas fontes de pesquisa sobre os vinte e um anos de perseguição e mordaça. São esses capítulos que, revisados e acrescidos de apresentação, prefácio, caderno de imagens e introdução, chegam agora à leitora e ao leitor, reunidos num único volume pela Alameda Casa Editorial.