Rebeca.lousz 20/01/2023
Afinal, os dados são realmente nossos?
Morozov e Bria fazem um excelente trabalho de evidenciar a problemática por trás da ideia de smart city. Uma ideia que, a primeira vista, é linda, sedutora, eficiente, inteligente. Como não amar uma smart city?
É nessa pergunta que o livro entra e ressalta a relevância do dados que fornecemos para que as cidades inteligentes consigam funcionar. Nós, como cidadãos, providenciamos dados sobre a nossa cidade para empresas privadas que pouco se importam em promover melhorias urbanas. Nossos dados são privatizados e nem o próprio governo tem acesso a eles. É inconcebível a Google, o Waze e a Uber terem mais informações sobre tráfego e trânsito do que os órgãos públicos. Nossas informações tornaram-se moeda de troca e, como detentores originais delas, não temos o poder de escolha para seu destino.
O livro defende o uso de blockchains com dados abertos, defende que os governos assumam a responsabilidade de evoluir tecnologicamente sem depender de uma startup do Vale do Silício.
Esse livretinho, além de ser uma belíssima edição editorial, reúne reflexões munidas de exemplos factíveis e soluções que já estão em curso. Admiro como ele consegue se manter próximo à realidade, tirando a impressão de que as soluções apresentadas só funcionariam em um mundo utópico. Acho que as vezes eles focam nas mesmas empresas pra atacar, mas, no geral, um excelente trabalho. Adorei ler.