Bestiário

Bestiário Julio Cortázar




Resenhas - Bestiário


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HonorLu 25/02/2024

Leitura e Aprendizado em Cortázar
Cortázar é um desses escritores fundamentais para construção de um bom leitor. Aprende-se não apenas a escrever a partir das excelentes construções narrativas e escolha de palavras, mas sobretudo a sentir o que se passa, desconfiando sempre do porquê aquele instante foi descrito dessa forma ao invés daquela. É como se sempre a perspectiva do narrador e do leitor estivesse meio transloucada do eixo "principal", a grande sacada, ou a crítica, ou a alegoria não se encontra no centro, não é nela que se concentra os olhos que narram e os que lêem, e é aqui que nossa atenção é testada, nosso sentido de inferência estimulado, desafiado. E é importante dizer que isso não faz da experiência cansativa ou densa. A escrita é leve, divertida, às vezes irônica e cômica, às vezes assombrosa, de nos fazer olhar por cima do ombro, em desconfiança. Em meio a isso tudo, somos acertados por descrições tão íntimas que nos são delatoras de segredos, de solidões.

Nesse livro de estreia, Cortázar já mostra alicerces muito bem conceituados e construídos do que viria a ser sua obra literária. Contos que instigam a procura e o estudo aprofundado, a releitura dali um tempo. Indico demais a leitura de Bestiário, dando ênfase aos contos: As Portas do Céu, Bestiário, Carta a uma Senhorita em Paris e Circe.
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joaoggur 25/01/2024

Desordem do dia-a-dia; as bestas do nosso interior.
Uso a leitura como ferramenta para gastar meu ócio, mesmo crendo que ?gastar? e ?leitura? não são palavras que podem (ou, teoricamente, não deveriam) dividir a mesma frase. A literatura de Júlio Cortazar é como um treino pesado, como uma manhã após uma noite apocalíptica regada a bebedeira, música e curtição; o prazer em ler o autor deve-se a dificuldade de entender inteiramente suas obras.

Em ?Bestiário?, temos narrativas aparentemente banais, que aos poucos vão se engrandecendo, se metamorfoseando para conceitos não antes explorados. O conto que abre o livro, ?Casa Tomada? (que narra dois irmãos, em uma casa centenária, onde uma força estranha toma cada cômodo) já é uma degustação sobre o que é a literatura de Cortazar; um misto de misticismo com realidade, um prenúncio de uma iminência apoteótica e fantástica? que não se consolida de antemão. E jamais confundam tal conceito com uma resolução anti-climática; o aura mágica está no profundo estranhamento estilico, onde as resoluções não são suficientes para sanar as dúvidas que temos (em exemplo, no conto DISTANTE eu simplesmente não entendi nada).

Recomendo a aqueles que já tem uma certa bagagem literária e, principalmente, a aqueles que gostam de ser desafiados.
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julia 13/09/2023

Definitivamente não foi o que eu esperava. Eu nunca tinha lido nada do autor mas já tinha ouvido falar bastante desse livro e eu confesso que esperava um tom mais sombrio e assustador.
Apesar disso, eu até que gostei bastante do livro. Eu não sou fã de livros de contos então é sempre difícil aproveitar esse tipo de leitura porém me diverti durante a maior parte.
Os contos que mais gostei foram Casa Tomada, Ônibus, Cefaleia, Circe e o meu favorito, Carta a Uma Senhora em Paris.
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felipe.gugel 07/07/2023

Wow
Alguém que vomita coelhos destruidores de lar. Uma cada tomada por quem não se sabe. Nunca mais vou entrar em um ônibus da mesma forma. Em que cômodo está o tigre? Preciso de um bombom de barata, parece bom.
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arthur966 25/06/2023

Os ruídos haviam aumentado de volume, mas sempre surdos, às nossas costas. fechei a porta com um gesto brusco e ficamos no saguão. agora não se ouvia mais nada.
- tomaram o lado de cá - disse irene.
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robson_lourenco 29/03/2023

O primeiro livro de Cortázar que eu li foi "Adeus Robinson e outras peças curtas" e me apaixonei por esse homem, pela sua maneira de escrever para teatro. Com Bestiário eu me encanto ainda mais com a habilidade de Cortázar nos contos de tratar temas cotidianos de maneira tão fantástica e simbólica.
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Heytor Vieira 25/02/2023

Primeiro livro de contos do Cortázar. Senão me engano ele escrevia apenas críticas de livros. Tem Casa Tomada, que é uma história simbólica sobre incesto, ou não. As cenas em que o sujeito vomita coelhos. Cenas do dia a dia que se tornam fantásticas, loucas e tudo com a escrita interessada nas minúcias do Cortázar. É alucinação descritiva. Muito bom.
Katia Rodrigues 25/02/2023minha estante
"Alucinação descritiva"... amei essa descrição. Me deixou interessadíssima nessa leitua. ??




Rodrigo Scarabelli 13/11/2022

Feras e abismos de nós
Contos maravilhosos, todos muito intrigantes, misteriosos, oníricos, simbólicos. As feras espreitam e rondam as personagens, de diversas formas e em diferentes circunstâncias. Há algo instintivo, primal e inconsciente saindo dos poros, abaixo do assoalho, dentro do coração, nos cômodos da casa, no armario, na rua, no ônibus, nas relações. Contos lúgubres e cifrados mas que transmitem algo sobre as feras que rugem e agem entre/sobre/dentro de nós.
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Nubia.Frederico 08/11/2022

Esse livro é maravilhoso!!

Adorei todos os contos, em especial o conto entitulado "La casa tomada". O fantástico e o terror presentes nesse conto são fascinantes. Durante toda a história me peguei na dúvida entre o caminho do estranho e do maravilhoso, pensando "será que existe alguma explicação racional para o que está acontecendo? Ou de fato estamos lidando com um caso sobrenatural?"
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Brandi 08/10/2022

O primeiro livro de contos publicado por Julio Cortazar, uma excelente coletânea que já traz as características mais marcantes do autor: a inquietação, a desestabilização do cotidiano, a profundidade metafórica, etc.
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Henrique 08/08/2022

1º Cortazar da vida
autor econômico nas palavras q deixa o leitor abandonado na encruzilhada de interpretações. a camada de rotina e normalidade dos contos oculta uma buenos aires bem estranha
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Ramon Diego 29/03/2022

Em meio a leitura "De amor e trevas", do Amos Oz, eis que voltei a esse livrinho/livraço de Cortázar. Voltei pra debater com um grupo aqui de Bauru-SP. Voltei e não queria mais sair. Voltei e compreendi melhor a ideia do mundo de feras que as situações fantásticas nesse livro, lançado em meio a ditadura de Perón, parecem anunciar. Livraço. Nunca me canso dos contos de Cortázar!
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Ana Sá 10/03/2022

Um livro que vomita coelhinhos
Em respeito às estudiosas dos ditos ?realismo maravilhoso?, ?realismo fantástico?, ?fantástico" e afins, eu não vou tentar enquadrar o argentino Cortázar em uma dessas caixinhas. Minha memória sempre me trai, sobretudo porque faz tempo que estudei as diferenciações desses conceitos. Sobre "Bestiário" (1951), limito-me então a tentar descrever, sem conceituar, aquilo que esse conjunto de contos pode nos causar.

Durante a leitura, ficamos rapidamente envolvidas no conforto das cenas cotidianas privilegiadas pelo autor (o habitar de uma casa no fim do dia, uma viagem de ônibus, uma carta que traz notícias). Contudo, a questão é que nunca encontramos paz nessas situações, pois há sempre um elemento fantástico/sobrenatural/paranormal que nos tira o sossego. Daí que percebemos a genialidade da escrita de Cortázar: a onipresença do incômodo, do insólito, não descarateriza/invalida a familiaridade que a narrativa nos traz, como o que acontece em outras obras latino-americanas dessa vertente, mas aqui com uma dose maior de suspense a depender do conto.

Portanto, neste livro, ou abraçamos o extraordinário como parte da paisagem ou simplesmente não seguimos. E se o abraçamos, o mérito é todo de Cortázar. Lendo e relendo ?Bestiário?, eu sempre me convenço de que faz sentido vomitar coelhinhos, criar "mancúspias" ou se habituar ao tigre que passeia tranquilamente pelos cômodos da casa. Lendo e relendo ?Bestiário?, eu perco o fôlego com a insanidade dos clássicos contos ?Casa tomada? e ?Ônibus?, mesmo encarando-os como narrativas que poderiam ter sido protagonizadas por mim num dia qualquer (mesmo sabendo que na verdade isso seria impossível, mas que, quem sabe, sei lá, vai saber, já nem sei de mais nada?).
Como eu já disse aqui no Skoob, entendo quem vê em Cortázar certa ?repetição de fórmulas?, pois há mesmo aspectos e estratégias que se repetem. A questão é que isso nunca me incomodou, mas ao contrário, me seduz. Me agrada a presença desse ?inesperado no esperado? de quando leio seus textos. E, além disso, há contos como ?Distante? e ?As portas do céu? que escapam ao lugar-comum do fantástico ao tocarem temas tão intensamente humanos como os traumas deixados pela violência física ou o processo de luto pela pessoa amada.

Trata-se de um breve livro de contos que é, na minha opinião, uma boa introdução à literatura de Cortázar. Recomendo ?Bestiário? com frequência, para muita gente. Não gosto de todos os contos da obra, mas gosto exageradamente de alguns. Quem quiser apenas sentir o clima do livro, pode ler avulsamente, e bem rapidinho, ?Casa tomada? ou ?Ônibus?, na internet mesmo (sim, esses dois contos são inesquecíveis, por isso a minha insistência neles!). Mas entenda: é preciso ir de peito aberto. É um livro que vomita coelhinhos, não o censure!

Obs.: se você já leu ?Bestiário" e gostou, sugiro fortemente ?Pedro Páramo?, de Juan Rulfo. Se você aceitou de bom grado a casa tomada, o tigre e tudo mais, não terá problemas em encarar uma novela na qual não se percebe facilmente quem é vivo e quem é morto. Também reli esse livro recentemente e, tal como na releitura de ?Bestiário?, celebrei mais uma vez essa fartura latino-americana no que diz respeito ao ?fantástico" e ao "extraordinário" em seus sentidos mais amplos.
kele2 10/03/2022minha estante
Que resenha incrível, com certeza irei ler!! ??


Joao 10/03/2022minha estante
Resenha sensacional, Ana! Li pouco de Cortazar mas um dos contos que você mencionou eu conheço. "Casa Tomada" é espetacular demais.
Preciso urgentemente ler mais do autor.


Kênia 10/03/2022minha estante
Vc escreve bem, né moça?! ??


Jacy.Antunes 10/03/2022minha estante
Ótima análise, Ana. Brilhante. Os contos causam uma inquietação por não ser possível prever o desfecho. Por esse motivo estou lendo em paralelo Notas para uma biografia para entende los melhor.


Cleber 11/03/2022minha estante
Adorei sua resenha, incrível! ????


Ana Sá 11/03/2022minha estante
Obrigada pelos comentários, pessoal! ??


Ana Sá 11/03/2022minha estante
Jacy, acabei de ver um dos seus históricos sobre essa biografia e fiquei com muita vontade de ler! Ótima dica, obrigada!!


Jacy.Antunes 11/03/2022minha estante
Ana, estou encantada com Cortazar, e o livro Notas sobre uma biografia explica a criação dos principais contos .


JurúMontalvao 11/03/2022minha estante
?




Pandora 27/01/2022

"Bestiário" foi meu primeiro encontro com a escrita de Julio Cortázar e me encontro bastante impactada. O livro trata-se de uma coletânea de oito contos é de leitura fácil e prazerosa, demorei uma semana lendo por ter optado por ler um conto por dia, mas basta uma tarde preguiçosa ou uma noite livre para da conta da leitura desse livro absurdamente gostoso.

Para mim um bom conto não precisa ser curto ou longo, um bom conto precisa saber fisgar a atenção nas primeiras linhas criando uma atmosfera de tensão que nos faça avançar rapidamente para o último paragrafo, pois o conto é um texto para ser lido em um folego só. Então, dentro dos meus parâmetros, todos os contos de "Bestiário" são perfeitos, carregados não só da tensão primordial como de mistério e com altas doses de fantasia ou o famoso "realismo fantástico" associado aos autores e autoras da América Latina.

Reza a lenda ser "Casa Tomada", o primeiro conto do livro, é o conto mais famoso de Cortázar. Nele se conta a história de como um casal de irmãos foram expulsos de sua casa lentamente por uma horda de desconhecidos que lentamente vão ocupando vão a vão da casa até os irmãos simplesmente irem embora. O narrador desse conto é o irmão, ele começa dizendo:
"Nós gostávamos da casa porque além de espaçosa e antiga (hoje que as casas antigas sucumbe ante a proveitosa venda dos seus materiais) guardava as lembranças dos nossos bisavôs, do avô paterno, dos nossos pais e de toda a infância."
E mesmo com todo gostar eles simplesmente se entregam passivamente ao processo de afastamento desse lar de lembranças. Assisti absurdada a esse processo de expulsão dos irmãos de seu lar ancestral e terminei me perguntando se nós nos Brasil não estamos vivendo algo parecido nessa era de Fascismo, perdemos o hino nacional, a bandeira, a presidência ocupada por um monstro, tenho a impressão de que só tem ficado no Brasil quem não pode sai ou quem tem convicções muito fortes.

O tom de suspense, mistério, tensão, pitadas de terror e realismo fantástico do primeiro conto se alastra por todos os outros contos. Em "Carta a uma senhorita em Paris" lemos a correspondência enviada a Srta. Andrée que emprestou seu apartamento em Paria a um amigo e descobre nessa missiva como seu apartamento foi destruído por coelhinhos. Parece louco, é louco, mas de muitas formas tantas coisas que o amigo da Andrée escreve na carta tanto fez sentido como me emocionou e cativou.

"Os costumes, Andrée, são formas concretas de ritmo, são a dose de ritmo que nos ajuda a viver. Não era tão terrível vomitar coelhinhos depois de ter entrado no ciclo invariável, no método."
Em "Longínqua" acompanhamos os registros do diário de uma moça prestes a casar, os diálogos verbais e não verbais com os sogros, o futuro marido, as coisas acontecendo... os anseios da noiva e as vezes o incompreensível é até compreensível demais. Em "Ônibus" a aventura de Clara que ao entrar no ônibus se vê no centro da incomoda atenção de todos e todas sem saber qual a motivação dos olhares, eles só ativam nela o senso de perigo. Tanto "Longínqua" quando "Ônibus" tencionaram os fios da minha emoção.

De todos os contos "Cefaleia" foi o que mais me deixou na incompreensão. Já "Circe" e "As portas do céu" foram os de mais fácil compreensão. Em "Circe" acompanhei a experiência de um rapaz que é o terceiro noivo de uma moça, os outros dois morreram pouco antes do casamento. O conto beira o terror, tem doses de humor, o final me deixou de boca aberta. Em "As portas do céu" é animado por uma estranha paixão, nele encontrei um homem enlutado pela perda da esposa de um amigo com a qual ele não tinha um caso, não é um conto sobre adultério, é um conto sobre a noite, a boemia, os habitantes da noite e sobre Celina, uma mulher cheia de alegria, feita da noite, da liberdade, de tango, me fez pensar se talvez, quem sabe, a morte não baste para impedir o correr da existência de pessoas assim

"Nada a prendia agora, num céu só dela, se entregava à felicidade de corpo e alma e entrava de novo na ordem onde Mauro não podia segui-la. Era seu duro céu conquistado, seu tango tocado só para ela e seus iguais, até o aplauso de vidro quebrado que fechou o refrão de Anita, Celina de costas, Celina de perfil, outros casais contra ela e a fumaça."
O último conto, "Bestiário", responsável por da nome ao livro aborda a implacabilidade da visão das crianças quando em estado de fim de infância. É sensacional a abordagem das estruturas familiares, das suas falhas, da forma como os adultos as vezes se dão ao luxo de usar crianças como se fossem brinquedos, de como as crianças percebem as rachaduras das estruturas como ninguém e podem tecer ardis para encurralar pessoas com as quais antagonizam agindo como anjos vingadores de suas pessoas amadas.

Esse é um livro de contos redondo, gostoso, instigante. Desafia nosso limite de compressão ao contar histórias com elementos fantásticos abordando a realidade por metáforas. Ele não se esgota na primeira leitura, assim que fechei a ultima página fui atrás de textos de outros leitores e leitoras e não resisti a também escrever o meu com minhas inquietações. Pretendo ler mais desse argentino capaz de falar da vida real em tons tão fantásticos.

site: https://elfpandora.blogspot.com/2022/01/bestiario-de-julio-cortazar.html
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Diuliane de Castilhos 23/09/2021

Boa leitura!
Recomendo este como uma leitura inicial para quem quer conhecer a escrita de Cortázar, o maravilhoso autor de Rayuela: o jogo de amarelinha.

São contos curtos e fantásticos, onde somos introduzidos ao universo do autor. Conhecemos sua forma de descrever pessoas e lugares, além de criaturas inventadas a partir de sua mente.

O primeiro conto ?Casa tomada?, é um clássico do autor. Quem quiser conhecer um pouco sobre poderá procurar o vídeo do canal Meteoro Brasil no Youtube sobre ele.
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