Dani 04/12/2017Como Falar Com Um Viúvo, Jonathan TropperDoug Parker perdeu sua esposa, Hailey, vítima de um acidente de avião, há um ano e segue afogado na dor. Ele se recusa a se desagarrar ao sofrimento, estando totalmente autocentrado e definhando cada vez mais. Não sai muito de casa, nem cultiva relacionamentos, e não consegue se livrar da depressão que o toma, pois tudo que consegue fazer é pensar na pessoa que amou tanto e agora não possui mais ao seu lado.
Ele tem uma família, um pouco problemática, que o apoia e tenta abrir seus olhos, assim como um enteado adolescente que também está sofrendo e manifesta isso em um comportamento destrutivo. Sua irmã gêmea, Claire, está para se separar ao mesmo tempo que anuncia uma gravidez, e vê nisso uma oportunidade de arrastar Doug para uma reviravolta de vida. Ele será obrigado a encarar o mundo lá fora e retomar as rédeas de sua vida, reconstruir relacionamentos e dar uma nova chance ao amor.
Como Falar Com Um Viúvo tem estado em minha estante há quase um ano, creio eu, e sempre me olhou com uma cara de "você vai gostar de mim, me escolha". Fui deixando para lá e hoje, quando enfim tive vontade de lê-lo, confirmei esse sentimento! Tenho andado à procura de um romance exatamente assim, emocionante, divertido, tudo na medida certa e esse possui tudo isso e mais um pouco.
Desde o primeiro capítulo me vi envolvida, ainda que o personagem principal seja, tecnicamente, detestável. Ele está amargurado e focado em sua própria dor, totalmente inerte, mas acaba conquistando a empatia. Logo estava torcendo para que ele conseguisse, aos poucos, superar a perda da esposa e que pudesse seguir em frente. A narrativa é adorável, divertida, sarcástica, e combina bem com a estória. Cada momento foi costurado bem, alternando entre comédia e lição de vida.
"(...) e como ainda éramos inteiros, totalmente intocados pela vida, e como tudo era fácil, porque sabíamos que aquilo não ia durar."
O desenvolver da vida desse personagem possibilita muitas reflexões, porque sempre houve um momento em nossa vida que somos totalmente quebrados e parece não haver mais forma de reconstrução. Então, vendo assim, de "longe", acontecer com outra pessoa pode causar um choque de realidade, algo que te faça aprender algo.
Pensei que haveria um romance de contos de fadas junto, como é comum de livros assim, e fiquei surpresa que não foi exatamente o caso desse. Há todo o trabalho envolvendo a reconstrução da vida amorosa de Doug, mas ao mesmo tempo não é o foco total. Brooke é uma personagem introduzida mais tarde, um possível par romântico para o protagonista, porém esse livro trata o romance de forma mais real, ou seja, com incertezas e imperfeições.
Gostei bastante dessa parte, mas ao mesmo tempo me decepcionei com Brooke. Me senti como se ela fosse boa demais, resolvida demais, para participar do processo de reconstrução de Doug. Ela praticamente diz para ele se arrumar para lá, para então procurá-la. Isso pode passar a mensagem de que nossa mudança depende somente de nós, mas não acho que funcionou aqui uma vez que Doug também precisou de apoio das outras pessoas, como Claire e seu enteado, assim como qualquer ser humano precisa.
"Já morri o bastante. Ainda tenho um bocado de vida para viver."
Mas, por o romance não ser tudo nesse livro, isso acabou não pesando tanto de forma que continuo achando Como Falar Com Um Viúvo um livro para favoritar. Fiquei realmente cativada, a ponto de ficar triste por ter encerrado a leitura (era uma daquelas que eu queria muito continuar, mas ao mesmo tempo não queria que acabasse!).
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