Uma Lágrima e um Sorriso

Uma Lágrima e um Sorriso Khalil Gibran




Resenhas - Uma Lágrima e um Sorriso


1 encontrados | exibindo 1 a 1


denis.caldas 14/03/2023

Uma pérola do cancioneiro árabe
Reputada como primeira obra de Gibran, reúne meditações, contos e parábolas publicadas no jornal norte-americano Al-Muhajer (O Imigrante) entre 1903 e 1908, quando tinha de 20 a 25 anos de idade. Interessante como, na apresentação do livro em 1977, o famoso tradutor Mansour Challita critica Gibran, considerando-o nesse tempo como imaturo, romântico, idealista...

Oras, para mim é aí que reside a beleza dos poemas aqui escritos, ainda mais considerando os tempos líquidos que vivemos. Afinal de contas, como li em algum lugar, "quem não foi socialista na juventude não teve coração..." (não vou complementar agora, rs).

Gibran reúne conhecimentos filosóficos avançados para sua época, não só do mundo islâmico, mas também de outras religiões mundiais, trazendo o sumo do pensamento humano que não envelhece. Profundo sem ser intelectualista, sincero no sentido estrito da palavra, romântico sem ser piegas, Gibran neste livro me lembrou Eçá de Queiroz em seu "A cidade e as serras", pois sempre haverá aquele embate entre a correria e os males urbanos contra a quietude e a bonança rural. Se você só conhece a obra-prima "O Profeta", lhe convido a passar alguns momentos de quietude e paz nos escritos primitivos de Gibran:

"As horas que passas, ó pobre, com tua companheira e teus filhos, após voltares do campo, são a glorificação da família humana independente, são precursoras da felicidade das gerações vindouras; enquanto que a vida que o rico passa entre seus cofres é uma vida inglória e sujeita ao medo e à apreensão, semelhante à vida dos vermes que habitam os túmulos." (Ó meu amigo!)

"E se o primeiro olhar se assemelha a uma semente que os deuses do amor plantam no coração humano, o primeiro beijo é como a primeira flor na ponta do primeiro ramo da árvore da vida. O casamento é o fruto da flor daquela semente." (A Companheira)

"Vem, ó morte benevolente. Minha alma tem saudades de ti. Aproxima-te e desata as cadeias da matéria, pois estou cansado de carregá-las. Vem, ó morte amena, e leva-me do meio destes homens que me consideram um homem estranho porque expresso em palavras o que os anjos me sussurram. Apressa-te. A sociedade me despreza e me rejeita, porque não sou ganancioso e jamais quis explorar os mais fracos. Vem, ó morte libertadora, e leva-me. Meus semelhantes não precisam de mim. Aperta-me contra teu peito cheio de amor. Beija meus lábios que nunca provaram um beijo de mãe nem de irmã nem de amada. Corre e abraça-me, ó morte desejada." (A morte do poeta é sua vida)
comentários(0)comente



1 encontrados | exibindo 1 a 1


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR