caio.lobo. 09/02/2024
Um livro que acompanhou a minha história.
Tenho uma história com este livro desde 2007, quando eu fazia um curso técnico de design de interiores na ETEC de Mogi das Cruzes. Uma professora, japonesinha muito talentosa, me recomendou este livro para o estudo das cores. Peguei o livro emprestado, mal comecei a ler e um dia esqueci numa das salas. Bem, quem achou deve ter feito bom proveito, pois até hoje o livro não apareceu. Aconteceu que tive de pagar o livro, e era caro demais na época, e ainda é, e eu era pobre demais na época, e ainda sou. Eu tinha 18, sem emprego, com uma relação ruim com os pais, e o exército demorava para me dispensar. Tive que vender uma rifa para poder comprar o livro. Por sorte tinha amigas maravilhosas que me ajudaram a vender os nomes e consegui comprar o livro, mas não peguei emprestado de novo.
Passaram-se 10 anos, em 2017, morando em Joinville/SC, resolvi comprar o livro, uma parte por questão de honra, e outra pelo meu amor pelas cores. E fiquei fascinado com a experiência que o livro traz, pois tem tantos fenômenos cromáticos que parece que estamos num mundo psicodélico. Comecei a ver sombras coloridas em todo lugar, como a sombra azulada no lençol branco e uma determinada hora do dia, e sombra amarelada no mesmo lençol em outro momento. Também passo a ver a cor invisível em muitas coisas. E que cor é essa? É uma cor que não está lá, mas a vemos. Um exemplo é um monte de bolinhas vermelhas numa parte de um fundo branco e amarelas em outra parte, se percebera que no fundo branco das bolinhas vermelhas se parece um pouco verde azulado, e azul onde estão as bolinhas brancas. Ler o livro ainda após o frisson daquele vestido preto e azul que era branco e dourado foi muito esclarecedor, mostrando que a cor depende dos olhos de quem vê.
Agora em 2024, estou relendo este livro, dessa vez em Curitiba, e fazendo geografia. Hoje conhecendo a fenomenologia e estranhando que o autor do livro não cita este pensamento, pois talvez não conhecesse o nome, mas certamente ele faz muita fenomenologia. Nossa subjetividade influencia na nossa visão de cores, senão só haveria pessoas vendo o vestido nas cores azul e preto ou só pessoas vendo o vestido azul e branco. Eu primeiro vi o vestido branco e dourado, achei lindo,as depois que vi o vestido sem os contrastes, perdi o encanto e vi que era preto e azul. Nunca mais vi aquele lindo vestido branco e dourado?. Mas quem viu ou ainda vê o vestido branco e dourado vê a cor inexistente em certo sentido. Israel Pedrosa, o autor do livro, e um dos maiores estudiosos da cor, infelizmente faleceu em 2016, um ano antes de começar a ler o livro efetivamente, mas sou grato por me fazer ver contrastes maravilhosos na natureza, a beleza do amarelo ao lado do violeta, ou a nobreza do cinza neutro. Aliás, tem um prédio aqui de Curitiba que teve azulejos desenhados pelo autor, que encheu de cores inexistentes, parecidas até com as da capa deste livro.