Lima Neto 13/05/2010
impossível fazer comparações, embora os livros sejam bem diferentes
sempre que um livro "estoura", que o autor lança um segundo, é impossível para seus leitores, amantes do primeiro, fazerem comparações entre as duas obras. isso é até natural, e acontece com livros de diversos gêneros: policiais, dramas, romances, best-sellers e até com biografias. para citar exemplos recentes, de autores que lançaram dois livros, um que foi um grande sucesso, e um segundo, algum tempo depois, posso falar nos de Carlos Ruiz Zafon, com os "A Sombra do Vento" e "O Jogo do Anjo"; John Boyne, com "O Menino do Pijama Listrado" e "O Garoto do Convés"; Markus Zusak, com "A Menina que Roubava Livros" e "Eu sou o Mensageiro"; e agora, recentemente lançado, vem esse "Cavalos Partidos", após o estrondoso sucesso do seu antecessor, "Castelo de Vidro".
são duas biografias bem distintas, mas ambas muito bem escritas, envolventes e tocantes. talvez a segunda não tenha toda aquela "densidade", aquele drama, aquela carga emocional, mas possui toda a doçura da escrita, a beleza da história e a determinação não de uma personagem, mas de uma pessoa real, que viveu não só na imginação da escritora, em folhas de papel, criadas em papel e caneta: Lily Casey Smith.
a história, contada em primeira pessoa, narra a história de Lily Casey Smith, sua vida no rancho da família. sendo a filha mais velha, várias responsabilidades recairam sobre seus ombros desde cedo, e mesmo ainda tão jovem, a menina demonstrou grande determinação, fibra e força. seu pai, que sofrera um acidente quando criança, que acabara por fazê-lo desenvolver deficiências (uma física) e uma outra que lhe dificultava a fala, fizeram-na, instintivamente, correr em auxílio ao pai, um homem que apesar da pouca instrução, demonstrava grande sabedoria e conhecimento.
crescendo no rancho da família, Lily aprendeu desde cedo a domar cavalos e, mais do que isso, a conhecê-los.
mas crescendo em meio àquele "rústico ambiente", com sua mãe querendo dar a ela uma educação formal, Lily é mandada à escola. vive lá um ano e aprende e ensina muito, e justo no momento em que começa a se sentir em casa naquela escola, seu pai não paga a segunda mensalidade, e ela é obrigada a voltar para casa. vai com uma dor no peito, mas com palavras de consolo da madre, com quem se afeiçoara, que lhe dissera que embora uma janela lhe tivesse sido fechada, logo uma porta seria aberta.
no rancho, ela passa mais um tempo, até que é chamada para exercer, temporariamente, a função de provessora, para a qual ela tinha verdadeira vocação, e mais uma vez sai de casa, atravessa estados e cidades sobre um cavalo, até chegar a seu destino.
trabalha durante longos meses dando aula, mas como não tinha a formação completa, logo é despedida e, ao voltar para casa, vê que as coisas embora continuassem praticamente as mesmas, ela havia mudado.
numa segunda viagem atravessa praticamente o país inteiro, de trem, e vai para Chicago.
mas já chega de falar da história em si, caso contrário eu vou contar o livro inteiro, e se brincar até o fim.
o que importa, na verdade, é que "Cavalos Partidos" é uma história belíssima de uma mulher determinada, forte e destemida. recomendo-o não só aos que gostam de boas biografias, de livros bem escritos, mas de histórias bem contadas, de vida, que deixam em nós algo não só como leitores, mas como seres humanos.