Dominique.Auler 16/12/2018
Um Retrato em Púrpura
Neste livro de 1834, Lord Bulwer Lytton nos apresenta não só uma história, mas um retrato da vida da elite de Pompéia no ano de 79 d.C. nos meses que precederam a famosa catástrofe.
Em suas frequentes interrupções, o autor pausa a trama para descrever em detalhes os costumes da classe dominante na cidade aos pés do vesúvio, bem como a própria cidade. Às vezes, também são relacionados os eventos descritos com descobertas arqueológicas feitas no local.
A trama destaca Glauco, que após uma viagem para sua terra natal de Atenas regressa a Pompéia de uma mulher que o encantou. Logo descobre esta é Ione, napolitana que acabou de se mudar para Pompéia com seu irmão Apecides, que foi ser sacerdote no templo de Ísis. Os jovens se conhecem e se apaixonam, mas esse amor desperta inveja em outros pretendentes: Arbaces, egípcio tutor de Ione que passou a desejá-la; Julia, filha de um rico comerciante; e Nídia, escrava cega resgatada por Glauco que se apaixona pelo único mestre que lhe é gentil.
Depois de um começo lento em que o livro se demora nas festas, jogos, especulações do povo sobre o próximo evento de gladiadores e feras na arena, dos mil prazeres de pompeia e no cortejar dos dois jovens protagonistas, a trama começa a se desenvolver.
Enquanto Apecides se desilude com a avareza do culto a Ísis e se converte ao Cristianismo (então em seus primeiros passos), Glauco e Ione se apaixonam cada vez mais, com a pobre Nídia sempre os acompanhando e sofrendo calada. Esse amor é, porém, constantemente abalado por maquinações de Arbaces e Julia, que envolvem a inocente Nídia em seus nefastos esquemas.
Quando finalmente chega o inevitável cataclisma da erupção do Vesúvio, é no momento propício da trama e o caos reina. O livro é capaz de retratar o desespero e mostra de vários ângulos reação dos habitantes à catástrofe.
De forma geral, o livro começa em um ritmo lento, mas traz descrições fascinantes da vida da classe alta no Império Romano. Antes do fim, as tramas se entrelaçam e a história acelera muito, levando rapidamente ao clímax em que tudo se conclui. A linguagem costuma ser rebuscada, principalmente nos diálogos, mas isso se torna uma diversão por si só ao apreciar um modo de fala tão arcaico.
Em suma, vale muito a leitura deste clássico. Para conhecer mais de uma sociedade tão marcada na história e para acompanhar os galanteios do jovem casal, os planos dos inconformados e a dramatização de um evento tão colossal.