Victor 28/12/2014
Conheci Violette Leduc por causa do filme de 2013, Violette, mais interessado na Simone de Beauvoir do que na protagonista. Mas os trechos de livros que aparecem no filme, principalmente de L'asphyxie, me comoveram muito. De imediato, sai procurando algum livro dela para comprar. Fiquei triste de saber que apenas duas obras dela foram traduzidas para o Português (o outro é A Bastarda) e que, para complicar mais, ambas não estão mais sendo vendidas. Mas por sorte consegui um exemplar do livro na Estante Virtual.
O livro é pequeno, mas denso. Não pelas palavras ou pela história, mas pela complexa relação das duas garotas, que é algo de total entrega, mas com um fim praticamente anunciado e, ainda, sufocante. Teresa é Violette e Isabel o seu primeiro amor, ou pelo menos sua primeira experiência sexual. Mas mesmo os trechos onde elas trocam carícias ou fazem sexo parecem cercados de tensão, ao menos eu tive essa impressão: as outras garotas do colégio, as vigias dos corredores, os voyeurs. Isso apenas aumentou a sensação de asfixia (usando o título do outro livro da autora). Olhos que cercam a todo momento aquela relação proibida. Outro fator é a mãe de Teresa: uma figura que é como um fantasma no livro, que existe mas não está ali, exercendo uma misteriosa força na filha. Quem assistiu o filme sobre Leduc, viu a personagem encarnada: não era exagero.
O livro todo é muito poético, apaixonado. As partes de Teresa com Isabel são cheias de uma beleza intensa. Separei um trecho que mais gostei:
"Seus lábios procuravam Teresas nos meus cabelos, no meu pescoço, nas pregas do meu avental, entre meus dedos, no meu ombro. Se pudesse me reproduzir mil vezes e lhe dar mil Teresas...Sou só eu mesma. É muito pouco. Não sou uma floresta."
Enfim, leitura recomendada. Espero que com esse filme recente mais leitores interessados em Violette Leduc apareçam e consequentemente mais livros dela aqui no Brasil. ;)