Janaína Calmet 13/05/2022E, finalmente, consegui ler a tão famosa peça teatral "Calígula", também do Camus!
Há 27 anos, numa catequese, ouvi falar - pela primeira vez - dessa obra que, diferentemente das demais representações do Calígula, apresenta-o não somente como um devasso impiedoso e louco, mas, sobretudo, como um homem atormentado à procura de um sentido para a própria existência. Um homem que se permite tudo, todos os excessos, todas as abominações, mas que, ao final de sua (breve) vida, percebe que nunca foi - de fato - o "deus" que pensava, que nunca foi realmente livre. Um homem que, ao tentar ver sua imagem refletida num espelho, nada encontra.
Que peça teatral! Há anos a procurava e, finalmente, a encontrei completa em português, num aplicativo de leituras chamado Scribd.
?- Para ir onde? E de que me serve ter as rédeas na mão, de que me serve o meu espantoso poder, se não posso alterar a ordem das coisas, se não posso fazer com que o sol se ponha ao nascente, com que o sofrimento diminua e os homens não morram? Não, Cesônia. Dormir ou estar acordado, tanto faz, se não tenho poderes sobre a ordem do mundo.?