Carla.Parreira 03/10/2023
Aruanda... continuação do livro Tambores de Angola
Tal livro comenta que devemos estudar e pesquisar sem fazer prejulgamento ou ter preconceito com relação a determinados assuntos, e obviamente o assunto abordado é sobre a umbanda. Fica visível pela leitura que o mais importante não é a aparência ou forma exterior, mas sim a quantidade de amor atribuída ao trabalho desenvolvido. Analisando alguns trechos a ideia é claramente transmitida: ?...Apresentam-se para nós em roupagens humildes, sem alarde e com aspecto perispiritual de gente comum; no fundo, no fundo, porém, são grandes almas, que servem no anonimato. Com sua discrição, fazem-se iguais a nós e, desse modo, procuram nos incentivar na caminhada... Adotamos a aparência de um pai-velho ou de uma mãe-velha porque acreditamos ser mais afeita aos companheiros, aos espíritos aos quais nos dirigimos...?
Algo sobre os seres elementais: Os silfos e sílfides cuidam do ar, as ondinas e ninfas das águas, as sereias (feminino) e tritões (masculino) são das águas salgadas, as fadas do elemento terra e ar, as salamandras do fogo (éter ou fluido cósmico), os avissais das terras, rochas e cavernas subterrâneas e por fim os duendes e gnomos que são responsáveis pelas florestas e lugares desertos.
O tema é exposto no seguinte trecho: ?... Ondinas, sereias, gnomos e fadas são apenas denominações de um vocabulário humano, que tão somente disfarçam a verdadeira face da natureza extrafísica, bem mais ampla que as percepções ordinárias dos simples mortais. Em meio à vida física, às experiências cotidianas do ser humano, enxameiam seres vivos, atuantes e conscientes. O universo todo está repleto de vida, e todos os seres colaboram para o equilíbrio do mundo. a surpresa com a revelação dessa realidade apenas exprime nossa profunda ignorância quanto aos ?mistérios? da criação...?
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?...Assim sendo, para a cultura africana, Orixá representa o lado positivo, enquanto Exu, o lado negativo.
Repare: negativo, e não mal; apenas o oposto, a polaridade. Exu é força de equilíbrio da natureza. É a força da criação, é o principio de tudo, é nascimento. Exu representa o equilíbrio negativo do universo, o que não quer dizer coisa ruim. Exu é a célula da criação da vida, aquele que gera o conflito, variadas vezes. Refiro-me ao conflito que promove o progresso do ser. Exu está presente, mais que em tudo e todos, na concepção global da existência. Nada é somente positivo, a existência em si tem dois lados opostos e, ao mesmo tempo, complementares. Isso é, Exu na concepção de força da natureza e na cosmologia africana. É, ainda, a propriedade dinâmica de tudo que possui vida. Como entidade reencarnante ou como espírito imortal, Exu representa a abertura de todos os caminhos e a saída de todos os problemas. Exu é guardião dos templos, das casas, das cidades e das pessoas, e também é vaidoso e viril. É o intermediário entre os homens e os deuses, na concepção africana...?
Seguido a isso o livro diferencia os exus superiores que são os guardiões mais responsáveis, dos exus menores, que são os recrutas, ou seja, subordinados ao auto comando. Todos possuem livre-arbítrio para o bem ou o mal.
Mais adiante vem a seguinte explicação: ?... Orixá é uma força viva da natureza, por vezes confundido com os elementais que se afinizam com suas vibrações. Podemos dizer que orixá é uma vibração cósmica; sendo assim, não se equipara aos seres desencarnados que incorporam em seus médiuns. Como vibração e energia primordial, os orixás tal e qual guardam determinadas características que se assemelham muito às de certos santos do culto católico. Daí, faz todo sentido o chamado sincretismo, aspecto muito marcante e interessante da cultura brasileira. Mas não significa que os orixás sejam tais santos, absolutamente. São princípios ativos, não encarnantes, e se porventura a umbanda utiliza imagens de santos católicos para simbolizar os orixás, é apenas a fim de estabelecer uma conexão mental entre o povo e as verdades da umbanda, através da crença popular...?
Decorrente de tal fato existem as seguintes ligações: Oxalá ligado ao chakra coronário, sétimo corpo espiritual; Iemanjá ao frontal, corpo búdico; Yori ao laríngeo, corpo mental superior; Xangô ao cardíaco, corpo mental inferior; Ogum ao umbilical, corpo astral; Oxossi ao esplênico, duplo etérico; Yorimá ao chakra básico, ectoplasma e por fim os orixás menores que são os caboclos, pai-velho e crianças (erês). Terminando o comentário de tal livro, deixo o ultimo trecho que mais me chamou a atenção: ?... Em matéria de religião, de espiritualismo, umbanda ou espiritismo, o que mais vale é a bandeira do amor e da caridade, sem preconceitos. União sem fusão, distinção sem separação...?