Resenhas -

Demian 16/12/2021

O relato mais completo em inglês do massacre de Nanjing
A autora não poupa detalhes gráficos da barbárie japonesa para com a população chinesa durante a invasão da capital Nanjing (então Nanking) durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa. Porém, ao invés de focar apenas nas sete semanas de banho de sangue, Iris Chang disseca desde as origens do militarismo japonês e influências do governo - cujo imperador e sua família eram considerados descendentes diretos da deusa do sol - na formação do imaginário de "raça superior" utilizado para justificar a dominação japonesa do leste asiático no início do século XX; até a recusa que persiste até hoje, 84 após a invasão de Nanjing, de políticos e até historiadores japoneses em reconhecer os erros de seu governo e militares durante a Segunda Guerra, adicioná-los ao currículo escolar - que permanece sendo censurado - e pagar reparações às famílias afetadas.

Além disso, a adição de diários e fotografias dos estrangeiros fundadores da Zona de Segurança de Nanking, bem como citações de jornalistas que visitaram a cidade durante as primeiras semanas da invasão, dão humanidade ao livro que artigos - também citados - que discutem apenas o número de mortos falham em transmitir - apesar de serem tão importantes quanto -, visto que, ao não se referir às vítimas e sobreviventes apenas por números e não limitar a história de Nanjing à sua invasão, a autora lhes devolve um pouco da dignidade e identidade tiradas a facadas, tiros, estupros e torturas tantos anos atrás.

Por estes e tantos outros motivos que não caberiam em um comentário só, esse livro deveria ser leitura obrigatória em qualquer aula de história com referência à Segunda Guerra Mundial, pois, tal como escreveu George Santayana - e citado pela autora -, "Aqueles que não conseguem se lembrar do passado estão condenados a repeti-lo."