Milena369 16/02/2023
Novo modo de ter saudades, ou de lhes sobreviver.
Nesse livro acompanhamos a narrativa pelo olhar do poético e apaixonado do Senhor Silva, é possível sentir a experiência de idosos e seus pesares ao serem deixados no lar da feliz idade, o sentimento de abandono, luto pelos amigos formados a partir da experiência, de angústia e arrependimentos do passado, o medo da morte que para todos é recorrente, devastante e casual.
Esse livro me tocou de uma forma que esmigalhou meu coração e as vezes me fez rir das traquinagens dos senhores-meninos
Recomendo
"O tempo guarda cápsulas indestrutíveis porque, por mais dias que se sucedam, sempre chegamos a um ponto onde voltamos atrás, a um início qualquer, para fazer pela primeira vez alguma coisa que nos vai dilacerar impiedosamente porque nessa cápsula se injecta também a nitidez do quanto amávamos quem perdemos, a nitidez do seu rosto, que por vezes se perde mas ressurge sempre nessas alturas, até o timbre da sua voz, chamando o nosso nome ou, mais cruel ainda, dizendo que nos ama com um riso..."
"Sentir o que não existe é uma qualquer saudade de nós próprios, muita coisa é apenas uma saudade, muitos dos sentimentos, é como lhe digo... quando dizemos que antigamente é que era bom estamos só a ter saudades, queremos na verdade dizer que antigamente éramos novos, reconhecíamos o mundo como nosso e não tínhamos dores de costas nem reumatismo."