David 11/02/2020
Uma experiência um pouco difícil, mas recompensadora!
Esse é um livro difícil. A escritora escreve de uma maneira poética, cheia de metáforas e comparações muito belas. Isso trás muita beleza à narrativa, porém, ao mesmo tempo, que dificulta um pouco a leitura em certas partes, sendo esse um livro que é preciso dedicar muito bem a sua atenção. Infelizmente, nessa edição da TAG em parceria com a editora Planeta, foi feito um trabalho bem pobre de revisão (e talvez tradução), o que dificultou em grande parte o entendimento de alguns trechos do livro: pronomes que mudavam no meio da frase (que faz com que nos confudamos quem está fazendo uma ação na história), palavras com letras faltando, notas com o número sem nenhuma diferenciação do texto, teve até o caso de colocarem / no lugar de uma letra...
Mas tirando esses problemas do caminho, esse foi um dos melhores livros que eu li nos últimos meses, e, com perigo de parecer exagero, um forte candidato aos melhores que já li na vida! A escrita de Taiye Selasi é tocante e a historia é envolvente (principalmente a partir da segunda parte, que é onde a história começa a fazer mais sentido) e milimetricamente construída pra no fim entendermos todas as experiências que fizeram da família Sai o que são. Um livro que toca em questões como racismo, afropolitanismo, abandono familiar, imigração e outros assuntos, mas, que na sua cerne, são todos ligados as relações que temos com membros de nossa família e como essas relações moldam o jeito que vivemos nossa experiência humana.
Recomendo demais a leitura, principalmente pela escritora fazer um trabalho genial na história e na maneira de contá-la. Mas, infelizmente, não posso recomendar muito essa primeira versão da Tag, que complica demais um livro que já não é tão fácil de ler. É até um pouco triste como a primeira publicação da obra da escritora aqui no Brasil, teve um tratamento tão descuidado em sua revisão... Tirando esse fato, poderia ter sido uma obra ainda mais genial.