Rayhan Chamoun 11/01/2024
É "biscoito" ou "bolacha"?
Paul Teyssier é muito didático em sua narrativa, pois narrar a história de uma língua inteira dispondo de uma prosa sucinta e elucidativa, não é uma tarefa fácil.
Paul traça paralelos que atravessam a história da Península Ibérica, delimitando os rastros daquilo que viria a ser conhecido como o território de Portugal, retomado dos árabes e restaurado em um reino independente da Galícia.
À medida que o tempo passa, pude observar de modo não menos surpreso que dentro de Portugal há vários sotaques, e que cada região colabora para criar polos linguísticos em que a língua ou apreendeu para o norma padrão, ou vulgarizou e extinguiu em suas escolas.
Além disso, o escritor levanta coincidências no desenvolvimento do português brasileiro, e como essa independência cultural acaba por tornar a variação da nossa língua um objeto de estudo interessante.
Também não são deixadas de fora regiões lusófonas como a África (Angola, Moçambique) e Ásia (China e Índia), e quem lê este livro como um falante nativo do idioma não sairá de suas páginas sem se sentir orgulhoso do quão rica uma língua pode vir a ser quando esta se encontra nos lábios de diferentes povos com diferentes culturas!
Somente não dou nota máxima ao livro pois, como sabemos, há uma guerra centenária no que diz respeito às palavras "biscoito" ou "bolacha", que o livro não aborda, para minha infelicidade. Contudo, cabe salientar que todos os letrados hão de usar "biscoito", já que esta é maneira mais aprazível de denominar o alimento.
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