Hannah Monise 18/02/2023O reconhecer de suas origens - e a cultura angolanaQue livro! É a primeira vez que leio algo da Angola e gostei muito.
Vitória foi criada por seus avós em Portugal, após ser abandonada pela mãe aos dois anos - que a largou na frente da casa deles em Huambo, Angola - e fugirem de Angola por conta da guerra. Agora, aos 25 anos, ela retorna ao seu país natal para procurar por sua mãe, com quem nunca teve contato desde então.
No começo, foi difícil me envolver com a escrita, mas logo que avançou eu consegui entender e seguir melhor. A história é muito bem escrita e me remete a O Mapeador de Ausências, de Mia Couto, que tem um enredo parecido. Como o português é de Portugal, exige uma atenção melhor na leitura. A cultura angolana foi bem apresentada e fiquei bem curiosa para saber mais sobre o País.
Acredito apenas que o livro merecia um final melhor, não de repente como foi. Acho que poderíamos ler um epílogo mais conclusivo para a personagem! No entanto, me envolvi, gostei e recomendo a leitura.
"A guerra engole-nos a dignidade antes mesmo de nos tocar a pele". (Página 17)
"Vejo duas crianças só com cuecas a revolver uma poça de água onde flutua lixo, a imprecação da cidade.
Observando a minha expressão desfigurada pela agonia e tristeza, Romena solidariza-se:
- Dói, né?! Vamos fazer o quê? Ver muitas vezes o mesmo habitua o olho e fecha o coração." (Página 33)
"Vitória sabe-o: a dor do abandono nunca sara. Aprende-se a conviver com ela. É uma cicatriz que nunca deixa de dar comichão." (Página 189)