Fabio Martins 07/08/2015
A história secreta dos papas
Cada pessoa possui sua própria fé, convicção religiosa, seita, ou seja lá o que for. Não cabe a mim – e a ninguém – julgar o que as pessoas acreditam. Mas há instituições ou pessoas que não têm um passado tão honesto e glorioso quanto se prega no presente. O livro A história secreta dos papas trata do passado não tão, digamos, honroso da Igreja Católica, a mais atuante no Brasil.
De forma alguma essa resenha é um ataque à religião católica em si ou à religiosidade, mas é uma espécie de “teu passado te condena” sobre essa instituição. Claro que se deve levar em conta a época e o ambiente muito diferente ao atual. São atenuantes, sem dúvidas, mas não isentam os fatos.
O livro remonta a história dos papas mais controversos que já existiram, desde o Século 1 ao 20. Alguns eram grandes tiranos e ditadores, outros pareciam completamente loucos. Na antiguidade, a Igreja Católica tinha um poder muito maior ao de hoje. Era quase uma instituição suprema, que governava grande parte do mundo.
O primeiro escândalo, e na minha opinião o mais insano, foi cometido pelo papa Estevão VII. Após a morte de seu desafeto, o papa Formoso, ele desenterrou o corpo e o julgou por supostos crimes cometidos em vida. O corpo de Formoso, já em decomposição, foi considerado culpado e jogado ao rio.
Com a difícil vida de antigamente e a cobiça pelo cargo, os papas não duravam muito tempo em seu reinado. Porém, a maioria seguia uma risca de governo sólida. Muitos deles fizeram uma verdadeira perseguição aos cátaros, que ameaçavam o domínio dos católicos na Europa. O resultado foi praticamente a extinção total dessa religião. Essa perseguição deu início ao período mais sombrio e questionador da Igreja Católica: a Inquisição.
Ela começou como perseguição aos cátaros e depois passou a ser contra as supostas bruxas que viviam na Europa. Esse período durou séculos. Alguns papas, além de darem prosseguimento às torturas cruéis da Inquisição, tinham tempo para outras bizarrices, como é o caso de João XXII, que, em momentos de embriaguez, brindava ao demônio em seu bordel no Vaticano.
Talvez o papa mais notório no sentido negativo tenha sido Rodrigo Bórgia, também conhecido como o papa Alexandre VI. Por meio de compras de votos e muita politicagem, virou pontífice. Aos poucos, acumulou sua fortuna e nomeou seus filhos – sim, o papa teve oito filhos – para cargos importantes do governo. Os mesmos filhos que foram acusados de incesto. Alexandre VI aniquilou seus adversários e construiu seu império.
O livro A história secreta dos papas segue nesta linha crítica, porém imparcial, que conta apenas as partes ruins da Igreja Católica. Não que não tenha partes boas, muito pelo contrário. Mas trata apenas das histórias que “saíram do eixo” quanto aos padrões morais rígidos da instituição. É uma leitura válida, muito informativa e que desperta bastante curiosidade.
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