A marca humana

A marca humana Philip Roth




Resenhas - A Marca Humana


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Rayssa 21/01/2024

Soco na cara
Nesse livro acompanhamos a vida de Coleman Silk, um professor universitário de 70 anos de idade, cuja vida é virada ao avesso após sofrer graves acusações de racismo contra dois alunos e abuso sexual contra sua amante de 34 anos, Faunia.

Ambientado no final dos anos 90, em um cenário onde uma onda de puritanismo assolava os EUA, oriunda do escândalo sexual que envolveu o então presidente Bill Clinton e sua estagiária Mônica Lewinski, A marca humana é um livro que critica um moralismo corrosivo ao esmiuçar a complexidade humana em toda sua ambiguidade e hipocrisia.

Com uma prosa objetiva e dura, Philip Roth traz uma reflexão refinada e voraz sobre a sociedade norte americana contemporânea. Passando pelo racismo, o puritanismo e o impacto da Guerra do Vietnã, o autor vai traçando uma história brilhante. Seus personagens são criaturas complexas, cheias de idiossincrasias que refletem a hipocrisia de uma humanidade que não perde tempo em apontar os erros alheios, mas nunca olha para dentro de si.

Aliás, cada personagem é muito emblemático nessa obra. Coleman, cuja única forma de se libertar das amarras de uma sociedade racista é negar o próprio ser, negar sua própria negritude. Faunia, vítima de abuso sexual infantil e que acaba vivendo apenas à margem da sociedade, Les, o veterano de guerra que sofre com PTSD, Delphine, uma professora francesa que veio conquistar a América e falha miseravelmente ao pregar um feminismo que ela mesma não acredita, e até o narrador, Nathan, um escritor decadente cuja vida vazia se transforma em uma grande obsessão por Coleman. Todos exercem uma função exata nesse emaranhado de histórias que compõem essa obra.

Embora seja um texto muito preciso, torna-se um pouco repetitivo, motivo que me fez cansar da leitura em alguns momentos. Fora isso, é um livro que impressiona pela sua força e honestidade. Daqueles "soco no estômago" para ser lido com parcimônia, mas de qualquer forma, imperdível.
Fabio.Nunes 21/01/2024minha estante
Excelente resenha. Livro adicionado à lista. Te segui no insta tb


Rayssa 21/01/2024minha estante
Obrigada!




Daiane316 27/09/2023

A marca humana
Estou impressionada com a qualidade do texto nessa primeira obra que leio do Roth.
Em A marca humana, o autor escancara essa perniciosa marca como algo a ser extirpado da sociedade moderna e do mundo que defende direitos igualitários, sem se preocupar em abolir a prática imperialista e preconceituosa.
É uma obra que ecoa após leitura e certamente deixou a sua marca.
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Ramilla.Souza 01/05/2023

É meu segundo livro do Philip Roth e gosto cada vez mais do autor. Sinto que ele tem uma análise afiadíssima sobre o mundo e desenha seus personagens extremamente bem.

A marca humana é um livro que me traz sentimentos diversos. Por exemplo, o autor se coloca contra movimentos identitários? Parece isso, à principio, quando ele crítica uma "caça às bruxas". Ao mesmo tempo, quando revela-se o segredo do protagonista, eu já acho tudo mais dúbio.

Roth escreveu histórias muito complexas, cheias de meandros e reflexões. É um prazer lê-lo.

Ps: O livro fica um pouco arrastado do meio pro final, mas vale a pena continuar.
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anapaivapaula_ 16/03/2023

?Para viver na confusão do mundo com um mínimo de sofrimento, o segredo é conseguir fazer com que o maior número de pessoas possível embarque nas suas ilusões; para viver sozinho aqui na montanha, longe de todos os envolvimentos, todas as atrações e expectativas que nos perturbam a paz, longe, sobretudo, de nossa própria intensidade, o segredo é organizar o silêncio, pensar na plenitude da montanha como capital, encarar o silêncio como uma riqueza que está se multiplicando constantemente. O silêncio que nos cerca é a vantagem que escolhemos, e é só com ele que temos intimidade.?
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Thais 18/12/2022

Muito bom!
Como disse o autor: ?a verdade a nosso respeito é infinita, tal como as mentiras?.
Este romance de Philip Roth deixa claro que como um pequeno deslize pode desencadear uma grande tragédia; o ?politicamente correto? é o grande responsável pelo processo de disseminação de ódio e perseguição.
Escrito em 1998 mas que se encaixa muito nos tempos atuais.
Gostei e estou ansiosa pra ler o próximo.
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Angelica75 29/10/2022

Muito bom - 4,0
Parte da “Trilogia Americana” o livro traz Coleman Silk, o professor e reitor da faculdade Athena em Massachusetts, aguerrido e competente no que fazia. Um pequeno deslize usando um termo considerado racista e ofensivo desencadeia várias pequenas tragédias sendo a principal delas a sua demissão, escorraçado da vida acadêmica. Professor Coleman tem um segredo referente à sua própria origem. Toda essa situação é o mote para Roth fazer suas críticas ao falso moralismo dos norte-americanos. Entra então o mesmo personagem de Pastoral Americana, o escritor Nathan Zuckerman que é procurado por Coleman para escrever um livro sobre toda a situação, pedido que ele recusa no começo mas, vira amigo de Coleman e depois disso aceita.

Daí em diante entra o prazer voyeurístico de ver como Roth consegue mostrar as idiossincrasias de todos que aparecem. A família original de Silk, que sabe o maior segredo dele. Delphine Roux, a professora francesa que o persegue. A esposa que falece após o desgosto da expulsão acadêmica. A amante de 34 anos, Faunia, faxineira da Athena, sem instrução, que o arrasta para mais um escândalo. O ex-marido de Faunia, um ex combatente do Vietnã, crucial também na trama. São altos e baixos, reflexões profundas, outras nem tanto, e exposição desse falso moralismo trazendo uma conexão incrível com o caso Bill Clinton X Monica Lewinski. Tudo muito prazeroso de ler, Roth é assim, não explica tudo totalmente. Sugere que o leitor use sua inteligência.

Em uma das passagens que mais gostei, Nathan Zuckerman diz que, “embora o mundo esteja cheio de pessoas que andam por aí achando que sabem perfeitamente tudo a respeito de nós, o fato é que nunca se chega ao fundo daquilo que se desconhece. A verdade a nosso respeito é infinita. (...) A verdade de cada um é coisa que ninguém sabe, e muitas vezes quem menos sabe é a própria pessoa.”
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Maria 17/06/2022

A marca humana
Foi meu primeiro contato com o autor. Este livro me despertou diversos sentimentos ao longo da leitura. Até o meio do livro, a leitura fluiu, o enredo me prendeu e os assuntos abordados são muito interessantes e importantes. Depois senti uma queda no ritmo, parecia que a leitura estava truncada, arrastada. Penso que o livro é muito denso, muito introspectivo e talvez eu não estivesse tão preparada para tanto. No final, a leitura voltou a engrenar e fiquei impressionada com a conclusão do livro.
Acho que daqui uns anos valerá uma releitura.
Rafael 17/06/2022minha estante
Também foi meu primeiro Roth e, depois dele, nunca mais parei...




Gladston Mamede 05/01/2022

Que leitura surpreendente. Furta-nos a atenção, sequestra-nos. Uma narrativa de estrutura bem própria, diversa do comum, mas com um resultado fantástico. Simplesmente amei.
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Eduardo Santos 30/11/2021

Muito questionamentos e um pouco de previsão do futuro em relação aos meios educacionais que nós vivemos.
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Geisi.Ferla 24/05/2021

Cancelamento
Tão atual pra esta era de redes sociais. O professor decano Coleman sofre um ?linchamento? de reputação por um termo compreendido erroneamente e vê sua brilhante carreira atacada. Em paralelo várias narrativas sobre sua vida privada vão sendo ?descortinadas??
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Diego 09/02/2021

Assunto bem atual
Gostei do livro.
Não é aquela obra de arte que te transmite um prazer aliado à sensação de pertencimento à espécie humana, mas é um bom livro, que trata dos assuntos ?raça? e ?racismo?, a partir do ponto de vista norte-americano, por um ângulo diferente e bastante interessante!
De certa forma, a obra me trouxe à mente a figura de Michael Jackson.
Recomendo a leitura, vale a pena!
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Adriano 25/08/2020

Gênio da literatura contemporânea americana
Gênio da literatura contemporânea americana.

A marca humana (2000) ao lado de Pastoral Americana (1997) e Casei com um comunista (1998) compõe a grande trilogia de Philip Roth sobre a vida na América do pós-guerra.

Meu preferido continua sendo Pastoral Americana mas os outros livros são sensacionais.

A crítica ao moralismo corrosivo, publicado em 2000 mas serve perfeitamente para o tribunal de opiniões e histeria coletiva de 2020.


"Há verdades e verdades. Embora o mundo esteja cheio de pessoas que andam por aí achando que sabem perfeitamente tudo a respeito de nós, o fato é que nunca se chega ao fundo daquilo que se desconhece. A verdade a nosso respeito é infinita. Tal como as mentiras. Preso entre uma coisa e outra, pensei. Denunciado pelos pretensiosos, escorraçado pelos santarrões ? e por fim exterminado por um louco furioso. Excomungado pelos salvos, pelos eleitos, pelos eternos evangelistas dos costumes do momento, e por fim eliminado por um demônio implacável. As duas exigências humanas encontravam seu ponto de encontro nele. O puro e o impuro, com toda a sua veemência, em ação, tendo em comum a mesma necessidade do inimigo. Cortado ao meio, pensei. Cortado ao meio pelos dentes hostis deste mundo. Pelo antagonismo que é o mundo."
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Carla 16/06/2020

“A verdade a nosso respeito é infinita. Tal como as mentiras” (Philip Roth)
Esse foi o meu primeiro contato com o ganhador do Prêmio Pulitzer de Ficção, Philip Roth, e confesso que foi difícil me curar da ressaca literária causa por essa obra.

Não sou capaz de descrever a mistura de sentimentos que a leitura desse livro me causou. Na verdade, ainda agora – meses após a leitura – me é difícil pensar em palavras capazes de capturarem a amplitude emocional dessa obra.

Pois bem. Em “A marca humana” conhecemos a história de Coleman Silk, renomado professor universitário de letras clássicas. Sua história nos é contada de trás para frente, a partir do momento em que a carreira do professor se esfacela após um comentário que, fora de contexto, é considerado racista, e acaba por lhe afastar da universidade.

Desse fato em diante, a vida inteira de Silk se deteriora. E é a partir de então que passamos a tomar conhecimento da vida pregressa do professor agora rejeitado pelo círculo acadêmico e, igualmente, pela própria família, especialmente após se envolver com uma faxineira da universidade, com metade da sua idade.

Na medida em que a leitura avança, vamos conhecendo melhor a personalidade de nosso protagonista, seu passado e sua moral, e experimentando seus dilemas e vivências.

A obra tem a capacidade de nos fazer refletir sobre a condição humana, sobre nossas potencialidades e nossa falibilidade. Em mim, a leitura causou desconforto e inquietude, e me fez refletir a respeito das inimagináveis consequências de pequenas escolhas a longo prazo.

Além disso, a história de Coleman Silk me fez pensar muito a respeito da sociedade em que vivemos, assolada pela hipocrisia e pelo puritanismo. Ao mesmo tempo que condenamos veementemente o racismo, ainda fazemos muito pouco para combatê-lo de fato. Nesse viés, a obra me deixou um questionamento: quem poderíamos ser, aonde teríamos chegado, como estaríamos, enquanto sociedade, caso tivéssemos nos livrados dos preconceitos que nos amarram e nos reprimem?
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Gerson91 27/05/2020

Excelente!
O final da trilogia "documenta" de forma íntima a evolução ou involução do ser humano desde os anos 1930. Livros impecáveis com personagens profundos em contextos diferentes. A Marca Humana é a chave de ouro.
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Whermeson 26/05/2020

Livro 09 – 2019 - A Marca Humana – Philip Roth
“... um americano leal, que servira a seu país não apenas uma mas duas vezes, que voltara uma segunda vez para terminar a porcaria do serviço. Cismou de voltar e voltou, porque quando ele chega em casa a primeira vez todo mundo diz que ele não é a mesma pessoa, que não consegue reconhecê-lo, e ele vê que é mesmo verdade: todos estão com medo dele. Ele retorna para casa depois de lutar na selva e não apenas não lhe dão reconhecimento como também têm medo dele; [...] Disseram que ele podia voltar para casa? Mas voltar para casa como? Em casa não tem helicóptero. Vive sozinho, bebendo, e quando vai ao Departamento de Ex-Combatentes dizem que ele só quer pegar o dinheiro, quando ele sabe que precisa é de ajuda. Antes tentou pedir ajuda ao governo, e a única coisa que fizeram foi lhe dar remédio para dormir; então que se foda o governo. Ele foi tratado como lixo. Você é jovem, disseram, vai se recuperar. Aí ele tenta se recuperar. Já que não dá para lidar com o governo, o jeito é se virar sozinho. Só que não é fácil, depois de duas rodadas, voltar e dar um jeito na vida sozinho. Ele não tem tranquilidade. Está sempre agitado. Inquieto. Bebendo. Qualquer coisinha, estoura de raiva."

site: https://cultura.estadao.com.br/blogs/estado-da-arte/philip-roth-e-a-marca-humana/
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