Ricardo.Silvestre 12/06/2023
?Era um prazer pôr fogo às coisas.?
Fui adiando esta leitura ao longo do tempo, muito por causa de comentários menos simpáticos que fui lendo aqui e ali. Contudo, fui em frente e acabei por adorar esta distopia.
Não achei a escrita monótona nem enrolada. As personagens talvez pudessem ter sido melhor desenvolvidas mas eu permiti-me ir além no que toca a alguns dos acontecimentos que não ficaram claros e não achei aborrecido fazê-lo. E talvez fosse essa mesma a intenção do autor, não deixar tudo preto no branco, permitir ao leitor fazer a sua própria análise e tirar as suas próprias conclusões. Não é também sobre isso que o livro trata?
É impressionante o quanto que esta história é actual. Numa altura em que vivemos assombrados pelas redes sociais, nas quais perdemos horas do nosso dia a dia em deterioramento do poder do nosso pensamento crítico, a correlação com as telas descritas no livro é obrigatória. É como se o autor soubesse exactamente o que viria a acontecer no futuro (o livro foi publicado pela primeira vez em 1953 quando nem metade da população americana tinha TV e as próprias redes sociais estavam longe de aparecer). Muito doido!
Após a leitura aventurei-me na adaptação ao cinema. O filme de 1966, com direcção de
François Truffaut, tem algumas diferenças em relação à história original mas eu prefiro o rumo que as personagens tiveram no livro.