Por que o tempo voa

Por que o tempo voa Alan Burdick




Resenhas - Por que o tempo voa


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Rafael_Santiago 07/04/2021

Regular para bom mas com partes bem chatas e confusas
O livro inicia com uma discussão centrada sobre o que é o tempo e depois evolui para os efeitos da ação dessa percepção dele sobre nossas vidas e por fim junta as pontas para tentar especular com alguma base o porquê do questionamento proposto em seu título. Tudo isso é feito em três capítulos.

Hoje (2021) o estudo e entendimento do tempo tem um forte viés para psicologia, neurologia, filosofia e religião, além é claro, do entendimento mais "exato" da física. No livro você vai encontrar mais de neurologia, psicologia e uma superficial religião, muito calcada nos textos de Agostinho, mas nada fervoroso, seria mais sobre pegá-la como um mote e tirar alguma "filosofia agnóstica" a partir dela. Sim, filosofia também é uma linha de entendimento bastante explorada nesse livro.

O livro em si não é muito aprofundado. Tem momentos legais, que te fazem imergir na narrativa. Porém em certos momentos assume um estilo de narrativa muito chato em que descreve os experimentos científicos e nada além. Um após o outro a ponto de produzir uma leitura bem estafante. Com essa massa de informação despejada numa forma de relatório seco e conclusão com base neles (uma sequência assim, após outra) o texto geral acabou com blocões de texto bem confusos. Ao que parece o autor passou muito tempo escrevendo o livro e desconfio que tenha empacado na parte em que precisava juntar o que escreveu com o que pesquisou da linha científica para dar algum respaldo acadêmico contemporâneo ao que produzia. Faltou um trato para processar toda a informação muito seca de artigo científico em uma linguagem mais cativante para tornar tudo isso mais palatável. Infelizmente eu senti que a data limite para a entrega chegava e ele juntou tudo editando como pôde e entregou. Essas partes são realmente enfadonhas. Diz uma coisa, mostra outra que vem e contradiz, depois outra que contradiz as duas ou as confirma e no final amarra dizendo que ainda não há consenso sobre nenhuma (cada uma delas tem sua subconclusão!) é muita confusão. Desnecessário excesso de detalhes.

Por conta desses excessos, os capítulos (três apenas) são meio esparsos, tanto que em certos momentos até caberia chamar de "atos". É basicamente um livro de quatrocentas páginas com três capítulos.

O final até salva um pouco pois cessa o exagero ou toc do autor de narrar com muitos detalhes os experimentos. O final é mais pessoal e humano. É até legal a própria percepção do autor sobre o tempo. Existe lá pelo fim uma passagem que supostamente é o relato de um diálogo dele com os filhos ainda pequenos. É uma parte que até desconcerta. Um dos filhos supostamente estava com medo do mundo acabar sem ele e por consequência ele ficar sozinho. A fala das crianças na ingenuidade delas, buscando um consolo para a tal agonia dessa possibilidade até chegarem a um argumento sobre o absurdo disso, nos leva a questões e insights sobre finitude e sobre o que seria o tempo. Talvez você faça o mesmo que fiz, pare a leitura e fale: "- uau". Não vou transcrevê-las aqui para não estragar a surpresa, mas é bem legal.

No geral vale a pena, pondo de lado os excessos dos momentos "Seu Explicadinho".
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