Lucas 08/11/2015
Representações e expressões da sexualidade humana
Como sociólogo Michel Bozon crítica a própria sociologia por, muitas vezes, não abordar temas que envolvam a sexualidade. É, pois, devido a este fato que Bozon afirma, no início de sua obra, que “a sociologia da sexualidade não existe”.
Dividida em três partes, a sua obra traz um texto riquíssimo com fatos históricos a respeito da sexualidade e inúmeras discussões que nos remetem à reflexão. Para Bozon o ser humano não se relaciona sexualmente sem dar sentido aos seus atos, e estes são construídos culturalmente. A sociologia da sexualidade deve, portanto, ser uma forma de percepção e entendimento das inúmeras formas de representações e expressões da sexualidade humana, pois as trajetórias e as experiências sexuais, que hoje são imensamente diversificadas, são fundamentos da construção dos sujeitos e da individualização.
Na segunda parte, Bozon resgata a trajetória da humanidade até o amor tornar-se conjugal, além da discussão sobre a transmissão do HIV e prevenção da AIDS e como essa preocupação afeta as pessoas e os casais. Além disso, aborda a questão da mudança de comportamentos sexuais que ocorrem na sociedade e como a cultura contribuiu e/ou interferiu nesses novos comportamentos.
Na terceira e última parte do livro, a qual me chamou maior atenção, Bozon escreve como se constituem o prazer e o desejo, levando em consideração o surgimento da literatura erótica e da pornografia por exemplo. O autor defende que todas as experiências sexuais “foram aprendidas, codificadas e inscritas na consciência, estruturas e elaboradas como relatos.” (p. 130)
Entender os aspectos históricos que envolvem a sexualidade em diversas culturas se faz necessário para que possamos, enquanto profissionais da saúde, cuidar de acordo com a experiência e expressão sexual de cada indivíduo, levando-se em consideração a sua cultura, uma vez que o cuidado deve ser transcultural e isento de julgamentos e pré-conceitos.
É um livro que veio para quebrar, literalmente, os tabus criados pela sociedade que, se ao menos fosse dotada deste conhecimento, não seria tão preconceituosa como é.