@pedro.h1709 19/05/2021O si mesmo ocultoO livro "O si mesmo oculto", de Carl Gustav Jung, é uma síntese de dois textos, sendo o primeiro chamado "Presente e Futuro", que se assemelha bem mais a um tratado filosófico sobre a sociedade, a religiosidade, o estado, a ciência e o trato para com o paciente do que a um texto acadêmico sobre psicologia, propriamente dita; enquanto o segundo texto é intitulado "Símbolos e Interpretação dos Sonhos", no qual o autor aborda a questão dos arquétipos presentes no inconsciente de cada indivíduo e a importância de suas representações simbólicas por meio dos sonhos.
Na primeira parte do livro, inicialmente, o autor se ocupa em mostrar como a religiosidade deveria servir de amparo ao sujeito, para que este transforme a si mesmo por meio do autoconhecimento e escape da massificação do estado, que o ameaça a perder sua subjetividade e sua autonomia devido a uma concepção do indivíduo como simples engrenagem, que pode ser substituída por qualquer outra em meio a um sistema muito maior e, não como um componente único; no entanto, a religião também acaba por criar dogmas, transformando seus seguidores de fora para dentro, ao incutir concepções de cunho geral e ignorar a essência particular de cada fiel.
Em seguida, o autor buscará tornar evidente como o tratamento estatístico do sujeito mascara a realidade, construindo idealizações do que deveria ser uma pessoa "padrão". E portanto, defende que apesar do conhecimento acadêmico e técnico serem necessários ao médico (ou psicólogo em meu entendimento), ao atender um paciente, o doutor deve buscar abdicar de todo o seu saber e julgamentos prévios na busca de compreender como seu paciente enxerga a si mesmo e ao mundo.
"Quanto mais uma teoria pretende validade universal, menor a sua possibilidade de aplicação a uma conjuntura de fatos individuais".
Já na segunda parte, o foco está voltado para as influências do inconsciente no aspecto consciente da psique humana.
"A parte inconsciente do acontecimento psíquico alcança a consciência - se a alcança - apenas por via indireta. O acontecimento que revela a existência de seu lado inconsciente está marcado por sua emotividade ou por um interesse vital que não foram reconhecidos conscientemente. A parte inconsciente é uma espécie de segunda intenção que no decorrer do tempo poderia tornar-se consciente com a ajuda da intuição e através de uma reflexão mais profunda."
Por fim, é válido reforçar, como fez o C. G. Jung: "Nenhum manual pode ensinar verdadeiramente psicologia, mas apenas a experiência real dos fatos. Não basta aprender de cor palavras para obter algum conhecimento, pois os símbolos são realidades vivas, existenciais e não simples sinais de algo já conhecido."