EXPLOD 24/10/2013
Ainda rindo...
Luís Carlos Martins Pena é considerado o fundador do teatro cômico brasileiro, como bem diz neste livro da Objetivo-Sol. Numa época em que predominava a encenação de peças teatrais européias, ele criou peças que, pode-se dizer, são genuinamente brasileiras, tanto pelo seu conteúdo original quanto pela sua representação do que havia de costumes no Brasil de então. Como são comédias, melhor ainda; dá uma sensação de leveza tal, ao divertir-se, que permite ao autor, em momentos que o leitor às vezes nem se dá conta, pôr uma crítica aqui, outra acolá.
Apesar da muito boa crítica que se faz em “O Juiz de Paz na Roça”, minha peça predileta é “O Noviço”, para mim muito mais divertida e engraçada. Não há como não rir do cinismo e das enrascadas do Ambrósio, assim como das idéias e da impetuosidade de Carlos, o tal “noviço”. É uma peça de três atos, mas muitíssimo rica, pois em poucas páginas dá para compreender muito bem as características e artimanhas de cada personagem. Como geralmente escolho a personagem mais legal, a meu ver: Carlos. Martins Pena soube muito bem equilibrar as atenções para cada uma de suas personagens; particularmente em “O Noviço”, tudo transcorre de maneira muito envolvente e sem aquele esforço que alguns autores têm em captar a atenção do leitor. Verdadeiramente, com a leitura pode-se assistir ao que se está a passar, tamanha a desenvoltura de Martins. São ótimas as vezes em que o autor se utiliza dos "à parte" para que possamos compreender (e até imaginar como realmente seria a encenação) as verdadeiras intenções e pensamentos das personagens.
Aos que estão lendo: aguardem o final do Ambrósio, melhor não poderia haver.
Então, é um livro ótimo. Assim como “Memórias de um Sargento de Milícias”, de Manuel Antônio de Almeida, há muito de cômico. Acho que é possível falar de Carlos como um anti-herói, pela sua personalidade, embora pareça ter algo mais de caráter que o Leonardinho.