Will Ernande 23/05/2020Muito além de uma simples viagemO Caminho Imperfeito é um livro de viagem. Mas não qualquer livro. Nem qualquer viagem.
Começando com uma bizarra notícia de pedaços de corpos a serem enviados pelo correio de Bangkok, José Luís Peixoto nos leva a uma viagem multidimensional, que tem como coração a história, arquitetura, tradição, fé, culinária e tantas outras faces da sociedade tailandesa, mas que é também uma imersão do autor em si mesmo. Na Tailândia, José Luís Peixoto parece se redescobrir, como autor, como filho, como pai, como gente, como observador do mundo, como mundo que também o observa.
Vale também dizer que essa literatura não se resume a Tailândia. Esse "falar consigo" faz com que o autor, e nós juntos, seja levado a refletir sobre outras viagens que ele fez, de Las Vegas a memórias de infância, que também são um tipo de viagem.
Portanto, essa não é, de forma alguma, uma simples narrativa de uma viagem turística. Na verdade, ao contar a história de tantos lugares, e tantas pessoas, e de si mesmo, Peixoto conta a história da própria humanidade, do que é ser humano. O Caminho Imperfeito era, é, e continuará sendo, a nossa história. Graças a deus, a deuses, ou a nenhum deus, por isso.
Eu passei aproximadamente uma semana com esse livro. Por puro prazer. Poderia ter terminado em, talvez, dois dias, mas não quis. Esse é um livro de viagem. E nessa viagem eu não precisava ser um turista apressado, cumprindo um roteiro, com hora marcada para voltar. Fiz questão de aproveitar cada página, cada sentimento, cada fotografia, cada uma da inúmeras histórias de vida. Aliás, essa é uma viagem que pode ser feita muitas vezes, a vida toda.
Obrigado meu amigo José Luís Peixoto por me deixar acompanha-lo nessa viagem. E sim, eu vou querer tocar na tatuagem (vocês vão ter que ler para entender isso ?).