Æon 01/11/2023
Feijão com Arroz, Porém Entretém
Antes da crítica em si, vou começar dando um singelo estímulo ao possível futuro leitor: não deixe as quase 1400 páginas assustarem vocês, cada capítulo tem em média 10 páginas e o livro em si é dividido em 6 partes, ou seja, dá pra ler um capítulo por dia sem compromisso e tratar cada final de parte como um “final de temporada”. Não tenha medo, a escrita de Dumas mantém-se fresca até para os leitores de hoje em dia. Pronto, dito isso, vamos às minhas opiniões:
Junto com Os Três Mosqueteiros, O Conde de Monte-Cristo não só é uma das obras mais aclamadas do autor, como também quase sempre é figura carimbada em listinhas de “clássicos que devem ser lidos” e não é difícil saber o porquê; já disse em comentários passados, e me permito ser prolixo ao repetir mais uma vez que Alexandre Dumas é o Walcyr Carrasco da literatura francesa, suas obras são novelescas, cheias de reviravoltas, sabem prender o leitor e, infelizmente, são grandes exemplos sobre como “encher linguiças” narrativas.
A saga de Edmond Dantès, dividida em 6 partes, começa eletrizante e é de tirar o fôlego até a primeira metade da segunda parte, depois disso ocorre uma quebra de ritmo que, sinceramente, não acho que Dumas conseguiu reencontrar, porém, com capítulos curtos, de fácil entendimento e mastigadinhos para o leitor, o ritmo de leitura não é muito prejudicado.
Depois da transformação de Edmond Dantès no Conde de Monte-Cristo e a passagem de tempo, os personagens perdem o carisma (incluindo o protagonista) e as novas caras apresentadas são ainda menos gostáveis – a exceção de Noirtier que se revela um dos personagens mais interessantes de toda a trama.
Com sua publicação iniciada em 1844, O Conde continua influente até a contemporaneidade, dando origem a várias adaptações diretas e indiretas. Duvido que seja o livro definitivo na vida de qualquer leitor, mas é um bom passatempo sem compromisso.