Não aceite caramelos de estranhos

Não aceite caramelos de estranhos Andrea Jeftanovic




Resenhas - Não aceite caramelos de estranhos


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Dai Solyom 19/03/2022

Soco em cima de soco!
"Não Aceite caramelos de estranhos" sem dúvida não é uma leitura fácil.

Não por palavras rebuscadas, elegantes e desafiadoras, mas sim pela tensão existente em todos os contos.

A forma com que a autora descreve as cenas é muito desconfortável, dá para visualizar todos os absurdos ali presentes.

Uma pena saber que não são apenas contos, e sim a realidade de muitas e muitas pessoas.
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Jemima 24/02/2022

Esse livro foi um presente da minha querida amiga Marcela, nossa amizade sempre foi permeada de literatura, descobrimos autores que amamos juntas, como Milan Kundera e outras vezes gostamos de nos presentar livros que ainda não conhecemos e estamos curiosas para ler, assim foi o excelente “Não aceite caramelos de estranhos”.
Esse é um livro de contos de uma autora chilena e contemporânea. A maioria dos contos se passam na cidade de Santiago ou têm como fundo histórico o Chile. As histórias são muito pesadas, tratando inclusive de abuso infantil e incesto, temas que eu tenho muita dificuldade em lidar, me surpreendi, pois, mesmo a autora não nos perdoando nos detalhes sórdidos, a consistência e a delicadeza da narrativa me mantiveram instigada na leitura.
Outro tema que normalmente eu não gosto muito é a narrativa mais pornográfica, todavia aqui, os aspectos sexuais são o centro dos contos, não uma ferramenta extra para manter o leitor atento. Fala-se de sexo de formas não convencionais, ela consegue ser direta e poética ao mesmo tempo!
O fundo geral da leitura dos contos da Andrea Jeftanovic é o desconforto, as vezes leve, que causa até curiosidade, outras vezes pesado e intenso, que nos desafia a encara-lo. É um livro ousado, que trata temas difíceis de forma complexa como eles merecem. Essa autora com certeza é uma grande aposta para a literatura latino-americana.
Enfim são contos que tocam em temas impopulares e assim expõem os limiares confusos do comportamento humano.


site: https://www.instagram.com/taroeliteratura/
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Marconi Moura 08/01/2022

8,0
Pequeno livro de contos em q os personagens parecem ser estranhos pra si mesmos. São emas espinhosos desde incesto até a morte. Os estilos de narração vão desde um descritivo simples até o fluxo de consciência, sempre em primeira pessoa, mantendo uma leitura agradável e atrativa.
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Nara 28/12/2021

Última leitura latinoamericana do ano.

Uma das melhores!
Resenhar coletâneas de contos é um desafio!Aqui temos, narrativas indigestas que, evidenciam aspectos da construção social que existe nas criações dos laços familiares, na leitura que realizamos dos pápeis de gênero entre pai/mãe e, no peso que muitas vezes a parentalidade e o cuidado recai unicamente na mulher.

Inclusive, é quase completa, a ausência de personagens homens nas narrativas (pra mim) é um reflexo da sociedade.

Árvore Genealógica, é o primeiro soco no estômago.

Um pai narra como sua filha desde muito cedo começa a seduzi-lo, a ponto de tornar-se impossível não sucumbir aquele "amor".

Existe uma construção de pensamento na opinião da filha (bom lembrar que, o narrador é o pai) que, explicaria a relação. É um conto perturbador que faz pensar em como a moral se relaciona com o social e, estrutura as nossas relações, mas, que vivendo num período da história em que tudo torna-se uma questão de opinião, como isso pode borrar esses limites a ponto de tornar "aceitável" o incesto? O que me lembra também o quanto a indústria pornográfica faz sucesso com cenas que suscitam relações sexuais incestuosas.

O que dá o tom para essa interpretação é a epígrafe do antropólogo Levi-Strauss nesse conto:

O que é proibido?
"A sociedade não proíbe nada além daquilo que ela mesma suscita."

É uma escrita lírica que, vai além do incesto em si, com o pai narrando de forma angustiada como foi parar nessa situação e, os desdobramentos de vivenciá-la conforme se aproxima a velhice em relação a juventude que ganha forma na filha-amante.

Não vou mencionar conto por conto, mas, meu predileto: Marejadas.
Faria com gosto um TCC baseada na teoria do imaginário de Durand sobre esse conto.
Existem diversas camadas nas quais a imagem-título suscita outra, dita o ritmo e cria associações de modo que nos assusta a presença do sagrado/profano, da dor/prazer como manifestações possíveis mesmo que antagônicas, num momento de perda e luto.
Uma mãe recebe a ligação da delegacia informando que o primogênito está em estado grave em decorrência de um acidente.
Ela sai desesperada e, se depara com o ex-companheiro e pai de seu filho no hospital.
A autora utiliza o mar como a alegoria com a qual a personagem-mãe expressará o que sente:
"Uma grande onda me arrastava num sonho, interrompido por um telefonema à meia noite.Nadava num mar de escombros quando o policial pronunciou o nome do meu filho."

"Um enxame de sirenes de ambulância soava na minha cabeça.Acelerava sentindo os sapatos cheios de água."

Quando ela vê a ultrassonografia do derrame do filho: "Uma maré de sangue que escurecia hemisférios e cavidades."

Todo o tempo o mar, as águas turvas e o movimento letárgico e carregado da própria marejada, são suscitados pela protagonista.

Em determinado momento, é sabido que ele não tem muitas chances e, esse ex-companheiro chama ela pra caminharem juntos e conversar, até a casa dele.

Observando o ex-companheiro, ela se dá conta do quanto filho e pai são parecidos e, então ela beija e acaricia o ex.

É incrível o quão turva fica a escrita demonstrando essa confusão mental de imagens que se dá na mente dessa mãe tentando entender que está prestes a perder o primeiro filho.. Ao mesmo tempo tendo uma relação com o pai, retomando as imagens predecessoras de água do mar, sangue, vínculo, útero, fecundidade, ciclo, gênese.

"Faça-me um filho, sentenciei.Não vê como avança a mancha no mapa cerebral(...)Sim,eu sei, a maré sobe e inunda cavidades e tecidos.É um mar de vasos sanguíneos explodidos que não retrocede."

Maravilhoso! Super indico
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pedropires 15/10/2021

intrigante
a autora começa o livro com o mais chocante dos seus contos, o que dá o tom pro resto do livro. muitas passagens sao de fato perturbadoras, mas revelam muito sobre as inquietudes da vida moderna quando se choca com o passado
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Luciana.Barraviera 28/09/2021

Contos doloridos, polêmicos, sagazes e que nos sacodem as entranhas.
Já no primeiro conto a autora cita Lévi-Strauss com a seguinte frase: " o que é proibido"? A sociedade não proíbe nada além daquilo que ela mesma suscita"
Uma citação precisa para acompanhar os 11 contos que Andrea Jeftanovic nos presenteia, com incômodos, socos no estômago e a perplexidade do domínio da narrativa e das palavras.
Primogênito, Meio corpo fora navegando pelas janelas, A necessidade de ser filho e Até que se apaguem as estrelas são meus contos favoritos do livro.
Um livro pra ser apreciado sem pressa e com tempo pra absorver suas catarses.
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Ana 19/09/2021

3,5***

GATILHOS: Pedofilia, abuso sexual, incesto

Eu não faço a menor ideia do que pensar sobre esse livroooooooooooooooo ahhhhhhhhhhhhhhhhh
A escrita da Andrea é fenomenal e entendo a proposta de balançar e realmente ser unheimlich, mas ao mesmo tempo fico me perguntando por que isso está fora ou dentro dos limites que aceito...???

O primeiro conto é de longe um dos que mais me fizeram passar mal e o último parece até que está em outro livro. Quando vc termina de ler não consegue entender como foi de um ponto a outro, mas ao mesmo tempo faz sentido mas ao mesmo tempo voce fica ??????? o que ta acontecendo, por que eu quero ler o próximo se isso é tão pesado?????

Acho que "A necessidade de ser filho" e "Miopia" são os que mais gostei por terem uma lapidação desde a escolha do tema até a maneira como é construída.

Sobre a versão física: Gostaria que a Editora tivesse escolhido outra fonte ou disposição cartela de cores na 4a capa pois quem tem algum problema de visão tem dificuldade em ler como está e tem dois conceitos sendo explicados que são muito importantes para a compreensão do livro.

PS. Nem de longe a nota consegue traduzir o que é esse livro
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natália rocha 14/09/2021

Um dos meus livros de contos favoritos.
O livro já tem início citando Lévi-Strauss em uma epígrafe: ''a sociedade não proíbe nada além daquilo que ela mesmo suscita'', em uma tentativa de nos preparar para os onze contos que vem a seguir.

São narrativas que nos chocam pela sua temática e pela naturalidade com que a autora escreve. Nos deparamos com situações desvirtuadas, extremas, por vezes que nos causam repulsa - como no primeiro conto.

Na quarta capa do livro, nos deparamos com dois conceitos que explicam um pouco o efeito desse livro nos seus leitores:

- catarse: é um termo grego que significa purificação do espírito humano, livramento das imperfeições, um método de expulsão daquilo que é anormal à natureza humana - e essa expulsão pode ser feita por meio das artes, como a literatura. Nesse livro, isso é feito por compartilhar com seus leitores narrativas tão viscerais, tão sofridas, por vezes até abomináveis vividas pelos protagonistas dos contos.

- unheimlich: conceito criado por Freud a partir de um conto de E.T.A. Hoffmann que diz: ''estamos diante de algo profundamente perturbador, todavia estranhamente familiar''. As situações desse conto, por mais incômodas que sejam, estão presentes no nosso meio, acontecem todos os dias e por vezes até viram notícias nos jornais.

Acho que o uso desses conceitos ajudam muito a passar os efeitos desse livro sobre seus leitores. Não sei se recomendo esse livro para todo mundo, alguns contos exigem estômago forte e se você não curte leituras incômodas, melhor passar longe.

Mais uma autora latino-americana que gostei muito de conhecer!
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babi 04/09/2021

grotesco de bom
uma das coisas que eu mais gostei nesse livro foi o incômodo que eu tive ao longo da leitura. já começamos com um conto que é difícil de engolir, mexe com assuntos complicados. o livro inteiro me remeteu um ambiente familiar onde você não está em casa, sempre há um empecilho no meio que te deixa desconfortável.

e como eu gosto de leituras que mexem, gostei dessa.
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Barbara.Luiza 24/06/2021

Em “Não aceite caramelos de estranhos”, Andrea Jeftanovic nos apresenta a 11 contos atravessados por pulsões irreprimíveis, daquelas que quando vistas em sociedade só podem causar espanto.

A relação deste sentimento com o ambiente doméstico na qual se desenrolam os contos cria uma atmosfera de magnetismo e repulsa que se retroalimentam no leitor. Náusea ou fascínio, não há meio termo aqui.

É curioso apontar, porém, que no apagar das estrelas o livro se desenrola com certa intimidade tocante. Como se a autora nos levasse do choque ao conforto sem que reparássemos qual estrada nos fez chegar aqui.

É, acima de tudo, um livro atravessado pelo exercício do amor nas suas mais diversas formas. O amor feito verbo: amar. Amar ainda que o ato provoque a ojeriza alheia. Amar impetuosamente, irrevogavelmente. Sem se preocupar com o que acontece no tempo e no espaço ao redor.

A prosa de Jeftanovic é única, joga no colo do leitor todo o juízo de valor sobre o que é representado. Um encontro com as partes mais profundas do ser humano. Será que Freud saberia explicar?

A edição nacional traz uma graça, trechos selecionados dos contos tem destaque ao final. Essa retomada nos mantém presos na história e tece seu caminho para a próxima.
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Marina.Fraga 25/04/2021

Um soco no estômago, do começo ao fim
Livro visceral, redigido entre o familiar e o incômodo (o que Freud chamaria de infamiliar). Há amor e ternura, ha solidão e tristeza, tudo isso entremeado em linhas de frustrações, de perturbações, fracassos, conflitos. O primeiro conto - para mim, o mais difícil de digerir - como que pergunta ao leitor se ele deseja mesmo continuar: começamos assim, não espere nada diferente ao fim. Há contos brilhantes - como ?A Necessidade de ser Filho? e ?Miopia? (outro muito difícil de ser digerido) - e outros nem tanto como ?Amanhã Estaremos Nas Manchetes?. Mas mesmo esses mais ?fracos? dado o apanhado geral, são muito bem escritos, há muita coisa sendo dita em poucas palavras, há muitos sentimentos em tão poucas páginas. Sem dúvidas, um dos melhores livros que li nos últimos anos. Vale cada vírgula.
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Cris B 07/03/2021

Ler e discutir
Esse não é um livro para ler rapidamente ou apenas por diversão. A Andrea é uma escritora extraordinária e exige de seu leitor certa reflexão. É impossível ler os contos e simplesmente prosseguir na leitura. Você acaba compartilhamento com seu próximo e debatendo alguns assuntos tabus como estrupo, incesto, pedofilia, pornografia, crise conjugal, entre outros. Encontramos nesse livro um espaço aberto para o diálogo e conscientização. Super recomendo!
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Carlos 06/03/2021

Impactante e nebuloso
Difícil falar de uma obra tão bem avaliada. Tive muita dificuldade em alguns contos; outros, gostei muito, achei bem impactante. Mas a maioria não fluiu; perdia-me tentando entender a ?mente? do protagonista.
Talvez eu releia em outra oportunidade e busque melhor compreensão. Talvez não!
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Toni 16/01/2021

Leitura 53 de 2020

Não aceite caramelos de estranhos [2011]
Andrea Jeftanovic (Chile, 1970-)
Mundaréu, 2020, 144 p.

A literatura existe porque o mundo não é suficiente e há demasiadas pessoas descontentes. Uma de suas funções, portanto, é incomodar, jogar com estigmas, tratar tabus, propor desassossegos. Os onze contos que compõem a coletânea da chilena Andrea Jeftanovic são dessa estirpe, narrativas brilhantemente escritas que questionam os vínculos humanos mais estreitos (aqueles entre familiares) e propõem uma quebra subversiva das expectativas e certezas de seus leitores. “O contemporâneo”, diz Giorgio Agamben, “é aquele que mantém fixo o olhar no seu tempo, para nele perceber não as luzes, mas o escuro”. Exatamente o que faz Jeftanovic.

Cada um à sua maneira, os contos de “Não aceite caramelos de estranhos” sufocam e nos constrangem, muito porque todos eles são narrados em primeira pessoa por personagens que, de alguma forma, lutam contra pressões sociais, morais, religiosas, familiares, sexuais, geracionais etc—externas ou internas. A pulsão de morte, sempre presente, convive ao lado do gozo, libertário e proibido, alertando-nos, mais uma vez, que “mesmo conhecendo os mínimos detalhes de um corpo, nunca, nunca possuímos o segredo de quem o habita”—advertência da epígrafe que introduz a coletânea. Entre os favoritos, os contos “Árvore genealógica”, “Até que se apaguem as estrelas”, “Na praia, as crianças”, “Miopia” e “A necessidade de ser filho”, me conquistaram como histórias de triste beleza, perturbadoras ou angustiantes, mas sempre dolorosamente verossímeis.

Fui convidado pelo @canalmaisliteratura para a leitura coletiva deste livro que aconteceu no último sábado (28/11) lá no YouTube. A live já está disponível e contou com contribuições preciosas de um time apaixonante de leitoras e leitores. E aproveito o espaço que me resta para agradecer o esmero empregado pela @editoramundareu nesta publicação. Um trabalho de muito respeito ao leitor e à nossa incrível tradição literária latino-americana.
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