Não aceite caramelos de estranhos

Não aceite caramelos de estranhos Andrea Jeftanovic




Resenhas - Não aceite caramelos de estranhos


37 encontrados | exibindo 31 a 37
1 | 2 | 3


Luciana.Barraviera 28/09/2021

Contos doloridos, polêmicos, sagazes e que nos sacodem as entranhas.
Já no primeiro conto a autora cita Lévi-Strauss com a seguinte frase: " o que é proibido"? A sociedade não proíbe nada além daquilo que ela mesma suscita"
Uma citação precisa para acompanhar os 11 contos que Andrea Jeftanovic nos presenteia, com incômodos, socos no estômago e a perplexidade do domínio da narrativa e das palavras.
Primogênito, Meio corpo fora navegando pelas janelas, A necessidade de ser filho e Até que se apaguem as estrelas são meus contos favoritos do livro.
Um livro pra ser apreciado sem pressa e com tempo pra absorver suas catarses.
comentários(0)comente



pedropires 15/10/2021

intrigante
a autora começa o livro com o mais chocante dos seus contos, o que dá o tom pro resto do livro. muitas passagens sao de fato perturbadoras, mas revelam muito sobre as inquietudes da vida moderna quando se choca com o passado
comentários(0)comente



Nara 28/12/2021

Última leitura latinoamericana do ano.

Uma das melhores!
Resenhar coletâneas de contos é um desafio!Aqui temos, narrativas indigestas que, evidenciam aspectos da construção social que existe nas criações dos laços familiares, na leitura que realizamos dos pápeis de gênero entre pai/mãe e, no peso que muitas vezes a parentalidade e o cuidado recai unicamente na mulher.

Inclusive, é quase completa, a ausência de personagens homens nas narrativas (pra mim) é um reflexo da sociedade.

Árvore Genealógica, é o primeiro soco no estômago.

Um pai narra como sua filha desde muito cedo começa a seduzi-lo, a ponto de tornar-se impossível não sucumbir aquele "amor".

Existe uma construção de pensamento na opinião da filha (bom lembrar que, o narrador é o pai) que, explicaria a relação. É um conto perturbador que faz pensar em como a moral se relaciona com o social e, estrutura as nossas relações, mas, que vivendo num período da história em que tudo torna-se uma questão de opinião, como isso pode borrar esses limites a ponto de tornar "aceitável" o incesto? O que me lembra também o quanto a indústria pornográfica faz sucesso com cenas que suscitam relações sexuais incestuosas.

O que dá o tom para essa interpretação é a epígrafe do antropólogo Levi-Strauss nesse conto:

O que é proibido?
"A sociedade não proíbe nada além daquilo que ela mesma suscita."

É uma escrita lírica que, vai além do incesto em si, com o pai narrando de forma angustiada como foi parar nessa situação e, os desdobramentos de vivenciá-la conforme se aproxima a velhice em relação a juventude que ganha forma na filha-amante.

Não vou mencionar conto por conto, mas, meu predileto: Marejadas.
Faria com gosto um TCC baseada na teoria do imaginário de Durand sobre esse conto.
Existem diversas camadas nas quais a imagem-título suscita outra, dita o ritmo e cria associações de modo que nos assusta a presença do sagrado/profano, da dor/prazer como manifestações possíveis mesmo que antagônicas, num momento de perda e luto.
Uma mãe recebe a ligação da delegacia informando que o primogênito está em estado grave em decorrência de um acidente.
Ela sai desesperada e, se depara com o ex-companheiro e pai de seu filho no hospital.
A autora utiliza o mar como a alegoria com a qual a personagem-mãe expressará o que sente:
"Uma grande onda me arrastava num sonho, interrompido por um telefonema à meia noite.Nadava num mar de escombros quando o policial pronunciou o nome do meu filho."

"Um enxame de sirenes de ambulância soava na minha cabeça.Acelerava sentindo os sapatos cheios de água."

Quando ela vê a ultrassonografia do derrame do filho: "Uma maré de sangue que escurecia hemisférios e cavidades."

Todo o tempo o mar, as águas turvas e o movimento letárgico e carregado da própria marejada, são suscitados pela protagonista.

Em determinado momento, é sabido que ele não tem muitas chances e, esse ex-companheiro chama ela pra caminharem juntos e conversar, até a casa dele.

Observando o ex-companheiro, ela se dá conta do quanto filho e pai são parecidos e, então ela beija e acaricia o ex.

É incrível o quão turva fica a escrita demonstrando essa confusão mental de imagens que se dá na mente dessa mãe tentando entender que está prestes a perder o primeiro filho.. Ao mesmo tempo tendo uma relação com o pai, retomando as imagens predecessoras de água do mar, sangue, vínculo, útero, fecundidade, ciclo, gênese.

"Faça-me um filho, sentenciei.Não vê como avança a mancha no mapa cerebral(...)Sim,eu sei, a maré sobe e inunda cavidades e tecidos.É um mar de vasos sanguíneos explodidos que não retrocede."

Maravilhoso! Super indico
comentários(0)comente



Marconi Moura 08/01/2022

8,0
Pequeno livro de contos em q os personagens parecem ser estranhos pra si mesmos. São emas espinhosos desde incesto até a morte. Os estilos de narração vão desde um descritivo simples até o fluxo de consciência, sempre em primeira pessoa, mantendo uma leitura agradável e atrativa.
comentários(0)comente



Jemima 24/02/2022

Esse livro foi um presente da minha querida amiga Marcela, nossa amizade sempre foi permeada de literatura, descobrimos autores que amamos juntas, como Milan Kundera e outras vezes gostamos de nos presentar livros que ainda não conhecemos e estamos curiosas para ler, assim foi o excelente “Não aceite caramelos de estranhos”.
Esse é um livro de contos de uma autora chilena e contemporânea. A maioria dos contos se passam na cidade de Santiago ou têm como fundo histórico o Chile. As histórias são muito pesadas, tratando inclusive de abuso infantil e incesto, temas que eu tenho muita dificuldade em lidar, me surpreendi, pois, mesmo a autora não nos perdoando nos detalhes sórdidos, a consistência e a delicadeza da narrativa me mantiveram instigada na leitura.
Outro tema que normalmente eu não gosto muito é a narrativa mais pornográfica, todavia aqui, os aspectos sexuais são o centro dos contos, não uma ferramenta extra para manter o leitor atento. Fala-se de sexo de formas não convencionais, ela consegue ser direta e poética ao mesmo tempo!
O fundo geral da leitura dos contos da Andrea Jeftanovic é o desconforto, as vezes leve, que causa até curiosidade, outras vezes pesado e intenso, que nos desafia a encara-lo. É um livro ousado, que trata temas difíceis de forma complexa como eles merecem. Essa autora com certeza é uma grande aposta para a literatura latino-americana.
Enfim são contos que tocam em temas impopulares e assim expõem os limiares confusos do comportamento humano.


site: https://www.instagram.com/taroeliteratura/
comentários(0)comente



37 encontrados | exibindo 31 a 37
1 | 2 | 3


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR