Reccanello 27/05/2021O homem é o lobo do homem?Três palavras sobre o livro:
Papa
Quebec
Papa!
===
Em meio à paranoia e à violência de seus becos, tabernas e imundície, as pessoas lutam para sobreviver na capital sueca. Mas não estamos na linda e limpa e organizada Suécia atual, mas na sombria, suja, depravada, corrupta, cruel e injusta Estocolmo de 1793, cidade em que, às vésperas da decaptação de Maria Antonieta, todos, sejam prostitutas, políticos, ladrões, advogados, sentinelas, bêbados, aproveitadores, vendedoras de frutas, nobres ou marginais, estão assustados e temerosos, com poucas ou nenhumas esperanças de saída. É nessa cidade, nas águas fétidas de um lago, que o sofrido e beberrão guarda Mickel Cardell (um ex-soldado maneta que atrai violência como um ferro é atraído pelo ímã) encontra um corpo brutalmente mutilado, a quem, num processo que parece ter durado semanas, foram arrancados os olhos, os dentes, a língua, as pernas e os braços. A partir deste incidente, e juntamente com o ex-advogado e atualmente uma espécie de detetive Cecil Winge, ambos percorrerão as partes mais sombrias da cidade, deparando-se, também, com o que há de mais profundo e nauseabundo no homem e sua maldade.
===
Um livro cruel, duro, sem eufemismo, escatológico em alguns momentos, uma leitura por diversas vezes desconfortável que nem ao final da história nos proporciona alívio, mas ainda assim estimulante e viciante. Para fãs de autores nórdicos (o que não sou; este é minha primeira leitura deles) é um livro imperdível; aliás, é um livro imperdível mesmo para quem não é fã dos autores nórdicos! Em verdade, recomendo a todos que procuram uma leitura envolvente e instigante, que buscam um aumento na adrenalina que lhe acelere o ritmo cardíaco; o livro vai proporcionar isso e muito mais, para o bem e para o mal!