Linterna Magica

Linterna Magica Ingmar Bergman




Resenhas - Lanterna Mágica


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Joyce 04/01/2023

Ernest deu vida à Bergman
"Sou Bergmaniano: não incomodar, não constranger"


Sempre me perguntei, desde a admiração que sempre tive por Bergman, no primeiro filme dele que assisti (Persona) de onde saía tata criatividade. A troco de quê? E por que que tanta só em uma única pessoa??
Acabei terminar lanterna mágica. Não queria acabar pois pareceria que, quando acontecesse, eu me afastaria do Bergman. Senti-me próxima e íntima. Mas acabei e então respondi às perguntas (ou só as multipliquei). Tanta criatividade vem do excesso de solidão, não-compreensão e não prertencimento; e ao contrário do que pensei, o livro não me afastou, só me aproximou mais. Poder saber como surgiu cada ideia para seus filmes, com detalhes, é indescritível a sensação. Como em "O Sétimo Selo" que a ideia surgiu por causa de uma peça no teatro que ele dirigia.
Fé e descrença o permeavam sempre. Isso é nítido nos seus filmes, mas com a autobiografia temos o impacto um tanto que poético da consciência disso tudo que falei: solidão, fé e descrença. A propósito, um trecho do livro que amo e que já mais esquecerei "brinco de fé e descrença, teimosia e dúvida, como se fosse uma pecadora desprezível e com uma culpa insuportável...". Grande Ingmar, sou muito grata por tê-la conhecido. Que o Bergmnianisno me acompanhe na escolha que quis fazer pra sobreviver: CINEMA.
Bergman é arte. 'Lanterna Mágica' é só um pequeno manual para entender o que fez dele uma arte tão poderosa e, ouso dizer, ACOLHEDORA.
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Procyon 11/10/2022

Lanterna Mágica ? Resenha
?Com uma história dessas, o sujeito é forçado a virar um gênio.? (p. 5)

A trajetória do cineasta sueco Ingmar Bergman é oscilante, não em relação aos seus filmes ? em geral consistentes ?, mas sim no tocante às relações amorosas. Em Lanterna Mágica, sua autobiografia, Bergman evoca a mesma beleza severa de seus filmes, através de descrições de momentos do profundo sofrimento.

Circunscreve-se um exagero de explicar uma educação severa do e um jovem nórdico e religioso no começo do século passado. Passado por uma vida problemática, uma infância marcada pela infelicidade, encarou a arte como subterfúgio. Criado num universo luterano e de grande repressão, cresceu, como conta, em meio a conceitos de pecado e culpa, entrando em contato com tanta religião na infância que engendra a perda da fé. Insere relatos chocantes de dor, esforço, inquietação, sobretudo angústia, temas tão impregnados na sua filmografia.

?Às vezes tenho de me consolar pensando que aquele que viveu na mentira aprendeu a amar a verdade.? (p. 22)

É um livro circular e não segue uma linearidade cronológica, começando e terminando com seu nascimento. Seus devaneios e reflexões têm uma aura lírica cada vez que se aproximam os capítulos finais. Como narrador não confiável, há muita pessoalidade nas linhas, onde, mesmo em momentos mais descontraídos existe algo de bíblico, de severo. Apesar de todas as proibições e regras incompreensíveis a que era submetido, sua infância ainda foi marcada por cenários inesperados e instantes mágicos, e pelo qual Bergman rememora suas lembranças com sinestesia, evocando luzes, sons e aromas.

Além das memórias da infância, rememora sua carreira no teatro, breves passagens sobre seus filmes, problemas de produção, uma formação cultural sólida ? era autodidata ?, sentimentos ambíguos em relação aos pais ? que ocupam as passagens finais do livro com certo apuro poético. Daí nós, leitores e espectadores, entendemos os temas mais imprescindíveis ao autor: o silêncio de Deus, a maldade humana, infelicidade, traição, desilusão.

Em grande parte, em relação a seus filmes, concede apenas as ressonâncias íntimas dos bastidores ? e aí mora o mais fascinante de suas ponderações sobre seu cinema ?, com disputas de autoridade no set, como Alf Sjöberg, Ingrid Bergman e Victor Sjöström ? há passagens envolvendo sua experiência com escritores, teatrólogos e cineastas que cativam por uma certa aspereza pragmática ?, em que Bergman desvenda esses mitos com pessoalidade, franqueza, vaidade, e sobretudo imaginação.

?Cinema como sonho, cinema como música. Nenhuma outra arte passa tão perto de nossa consciência diurna, indo diretamente até nossos sentimentos, até as profundezas do espaço obscuro da alma.? (p. 89)
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Lu Tibiriçá 07/02/2022

Uma vida pra arte
O quanto você vive pra fazer o que gosta?
Estou pensando nisso desde que comecei a ler esse livro. Entre fazer o que gosta e viver disso (no sentido de conseguir pagar supermercado, livros e boletos) há uma grande distância pra muita gente.
Ingmar Bergman fez e aconteceu nesse quesito. Arriscou e, aparentemente, foi feliz. Aprontou e "foi aprontado". Uma vida até comum, mas muito interessante.
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underlou 11/12/2020

Tudo é Memória
Uma preciosidade para os entusiastas de Ingmar Bergman. A estrutura do livro segue uma proposta não convencional de relatar episódios do presente e do passado sem uma sequência lógica, a qual poderia comprometer uma história mal contada, mas aqui acaba sendo um ponto positivo. Porque facilmente podemos revisitar as memórias do diretor sueco sem precisar seguir uma ordem determinada. Essencial para se compreender a singular obra desse gênio que agora se revela, mais do que nunca, tão autoral.
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Adriana Scarpin 19/12/2018

Em honra do centenário de Ingmar Bergman
Quem diria que um dos maiores cineastas de todos os tempos estaria totalmente rendido ao teatro em sua autobiografia? Sua vida foi o teatro, é nele que reside as maiores descrições técnicas e sentimentais sobre os ofícios que exercia, gosto de como Bergman mescla essa labuta diária com rápidos lampejos do cinema e a forma como estrutura o livro entre capítulos que narram a infância alternadamente com a fase adulta, na medida que atingem um ponto comum ao final.
Aliás, já estava completamente inquieta e indignada que Bergman não havia citado o Gunnar Björnstrand uma única vez no livro todo, o ator com quem mais trabalhara e pelo qual sou apaixonadíssima, até ler o capítulo que ele disse que não falaria dos amigos nesse livro e fiquei mais aliviada.
Um livro relevante para conhecer a intimidade que Bergman nos deixa ver, nem com tantos detalhes, mas com detalhes suficientes para delinearmos uma persona que foi humana e errou muito, mas que nos deixou um legado em película maior do que si.


site: https://letterboxd.com/ladyspiggott/list/centenario-de-ingmar-bergman/
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Mila 22/01/2018

É um privilégio ter lido esse livro
Como pode uma autobiografia ser tão intimista assim? É tudo perfeito neste livro, carregado de memórias tão profundas da primeira infância de Bergman que chegam a ser duvidosas.
Em primeira instância, eu temi perder muito da contextualização dos relatos do mestre, pois, embora ele seja meu diretor preferido, eu não assisti a nem um terço de sua filmografia – que, pudera, é muito extensa. Mas isso não atrapalha de modo algum. Esta edição intacta da Cosac, que foi traduzida diretamente do sueco, e que hoje já está se tornando rara, possui um índice onomástico, que seria todos os trabalhos e pessoas citados pelo Bergman com suas respectivas páginas enumeradas. Portanto, é um livro que nos consente uma eterna consulta. Sempre o achei alguém genuinamente acima do normal e a leitura mais amparada de seus pensamentos só me confirmou isso. Como escritor, também se revela perfeito. Sua linguagem é muito marcada pelos traços dos seus pensamentos, que deveriam ser difusos, mas que imprimem muita clareza e honestidade, ao mesmo tempo. Não sei dizer.
Quando li os livros de Liv Ullmann, que também são ótimos, detectei que Bergman, como marido, pai, filho e irmão não condizia ao genial workaholic que admiramos. E ele mesmo confirma que falhava em todos os campos pessoais.
Em seus filmes, não existem personagens bons ou maus, mas sim um dualismo humano que determina que não há como ser uma coisa ou outra, e sim os dois.
Bergman já tentou estrangular sua irmã bebê aos 4 anos, era frio e cheio de artimanhas, sua primeira relação sexual foi com a própria tia aos 9, já bateu em sua namorada, já foi fã de Hitler, já traiu uma de suas esposas enquanto esteve em Paris, trepando em um quarto luxuoso, ao mesmo tempo que sua esposa estava doente cuidando de seus quatro filhos, tem mais de oito filhos, inclusive em numerosos casamentos e vivia duro só pra pagar todas essas pensões.
Alguns conflitos intrínsecos que ele tinha não se conglomeravam aos seus trabalhos. No entanto, muitos outros sim, como sua relação com Deus, a falta de comunicação no seio familiar e tanto conhecimento sobre a alma feminina foram trabalhados com muita sensibilidade em seus 40 anos de carreira. Como conseguimos continuar admirar tanto alguém que, quando não estava trabalhando, não agia conforme esperávamos que ele agisse? Desta vez, a gente não aciona julgamentos morais.
Ele descreveu 70 anos de sua vida sem nunca contar todas as transformações físicas causadas pelo tempo e por suas enfermidades, que não tinham fim.
Viveu uma infância pobre, era repreendido violentamente pelo pai pastor e luterano e desde cedo, sentia que seu amor pela criação dramaturga e cinematográfica seriam perpétuas. Morreu amando o que fazia.
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Emmanuel 17/12/2015

Não poderia ser diferente
livro maravilho para quem é fã do cineasta. no livro , ele narra sem escrúpulos passagens de sua vida da infância ( querendo matar o irmão e o pai ,tendo suas primeiras experiências amorosas e sexuais ) a sua velhice já na Ilha de farö . Ele comenta sobre alguns filmes e o contexto de suas produções , mas o foco da obra é realmente nos mostrar como brota e cresce numa sociedade o gênio que é Ingmar Bergman
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Disotelo 13/02/2013

Lindo
Esse livro é lindo, tive a sorte de encontrar um exemplar na biblioteca da minha cidade, é lamentável que seja um livro raro. A biografia é tão honesta que parecia estar vendo a vida de um ente querido meu sendo exibida nestas páginas.
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