Resenhas - A Consciência de Zeno

Deghety 30/11/2020

A Consciência de Zeno
As oscilações de caráter moral do personagem faz com que Zeno seja um anti-herói, no entanto, analisando suas "esquizofrenias", ele poderia representar quase todo ser humano autocrítico.
Percebe-se narrativa, um amadurecimento do personagem, algo que achei um pouco estranho por ser uma narrativa de memórias.
O começo e o fim do relato tem aspecto de consciência, já o miolo do livro se dá mais à uma espécie de diário.
A ideia do personagem sobre a vida é quase como uma resignação ou talvez inércia, a sua luta contra o fumo e infidelidade demonstra isso.
No geral, a história do personagem, assim como suas reflexões, principalmente onde há as oscilações de caráter que mencionei no início, é uma filosofia de humanificação dos erros, mostrando-nos que nossos julgamentos para com os outros não possuem a compreensão de nossos autojulgamentos.

Mario Miranda 23/05/2018

Que Riqueza Psicológica!
Italo Svevo, escritor que nos legou poucas obras, terminou sua carreira com "A Consciência de Zeno", 25 anos após ter escrito "Senilidade", seu penúltimo livro. Não foi a insistência e estímulo do seu professor de Inglês James Joyce, a realidade psicológica escrita por Zeno não teria vindo ao nosso conhecimento.

Na lista da Folha de São Paulo (2006) dos 100 melhores livros da Literatura mundial, a obra do escritor Judeu Italiano de origem Alemã figurou na 20ª posição.

A Consciência de Zeno, publicado em 1923, incorpora as primeiras noções da Psicanálise Freudiana, sendo Svevo um dos primeiros tradutores das obras de Freud para o Italiano, narrando a história de um personagem, Zeno, que escreve sua história por influência do seu Psiquiatra "S." (Sigmund?), buscando compreender suas psicoses, vícios e doenças. Zeno inicia narrando sua luta contra o tabagismo, passando por seu relacionamento familiar, seu casamento e suas relações de trabalho.

Num universo literário onde a autoficção ganha novas dimensões com as obras do aclamado escritor noruegês Karl Ove Knausgard, A Consciência de Zeno nos envolve com uma narrativa precisa, detalhada e cruel dos pensamentos humanos, seja no momento em que Zeno aborda seus sentimentos quando traía sua esposa, ou sua vontade de assassinar o namorado de sua cunhada por inveja.

site: https://www.instagram.com/marioacmiranda/?hl=pt-br

Adriane 24/09/2023

Razoável
É uma boa leitura, mas por se tratar de fluxo de consciência do Zeno, é algo bem entediante pro meu gosto, salvo o humor que aparece na escrita. Não tive apreço pelo personagem e não me diverti com a leitura.

Rodrigo1185 28/07/2023

Ler sem expectativa é a melhor forma de leitura. Este livro estava parado na minha estante a mais de três anos, e que grata surpresa. Confesso que não é fácil ler sem querer julgar a vida de alguém, que como herdeiro, apenas "toca" sua vida, mas depois que as questões começam a ficar claras fica fácil se ter empatia a pessoa. Nem sempre entendemos as questões visualizando apenas os fatos... E que final foi esse, pqp!

Rafaela1243 11/08/2023

Finalmente acabei
?A consciência de Zeno? foi meu primeiro livro do clube da literatura clássica. Talvez um dos primeiros clássicos que li na vida.

No começo, tive uma certa dificuldade com a leitura, mas logo peguei o jeito. Porém, devido a escrita que não estou acostumada e a narrativa de certa forma arrastada acabava dormindo após ler poucas páginas.

O livro gira muito em torno de como nos relacionamentos com as pessoas e o impacto que estes trazem a nossa psiquê. Acho incrível como o autor descrever de forma tão humana nossas expectativas, tédios, desejos e anseio por agradar ao outro (e como isso valida nosso ser).

Além disso, vale ressaltar trechos que me impactaram. Principalmente aqueles que falam sobre a doença real e imaginária. As últimas páginas fazem valer a pena o livro. Pensou a frente do seu tempo.

Animada e receosa para o próximo clássico?

Maria 23/11/2016

Achei digno de nota!!
achei digno de nota essa passagem sobre o casamento, vista de forma crua e real, quando a ilusão acaba por se desmoronar:

" Quem não o experimentou ainda julga que o casamento é muito mais importante do que na verdade verdade é. A companheira que se escolhe renovará, piorando ou melhorando, nossa raça nos filhos, e a natureza que assim o quer, mas que de modo próprio não saberia encaminhar nos a isso, persuade- nos de que a mulher empreenderá igualmente nossa renovação, embora a rigor isso não passe de uma ilusão curiosa não autorizada por nenhum texto. Na verdade podemos viver um ao lado do outro, sem alterações, a não ser uma nova antipatia por essa pessoa tão diferente de nós ou por uma certa inveja desse alguém que nos parece superior. "

Mauricio.Carvalho 20/11/2022

Um personagem sincero consigo mesmo
O romance tem a forma de um manuscrito de um rico comerciante de Trieste que revê suas memórias em busca de uma cura para uma doença que ele acredita ter origem emocional.
Talvez, na verdade, ele não busque e nem acredite na possibilidade dessa cura, mas lhe interesse rever sua vida, entender e julgar a si mesmo.
Na análise de si mesmo, o personagem quase sempre se comporta da maneira mais sincera possível consigo mesmo, ainda que algumas vezes isso signifique lhe ser cruel.
E dentro dessa sinceridade que nós, leitores, poderemos encontrar pontos de identificação com o personagem. Me senti tão semelhante ao personagem que alguns desses pontos me deixaram desconcertados. Tal como reclama o autor, encará-los não me trouxe cura alguma, mas, sim, a dúvida inquietante se somos eu, o autor e quem mais, espalhado pelo mundo, tiver encontrando congruências com esse personagem, apenas modelos pre estabelecidos de funcionamento psíquico. Tudo que julgamos ser nossa identidade e individualidade é, na verdade, um padrão de comportamento já previsto por Deus ou pela Natureza, ainda que existam milhares ou milhões de possibilidades pré concebidos.
A discussão do romance, ao meu ver, não passa por essas minhas inquietações ou pelo menos não se predem a elas. Como alguém frente a uma versão super realista de sua própria imagem, mas que lhe é apresentada por um ângulo inteiramente novo, minha atenção foi fixar-se nesses detalhes. Seu olhar, futuro leitor, pode ser que se prenda a outros.

renanlp 03/02/2021

Consciente, atento e neurótico!
Italo Svevo, por meio dos relatos das aventuras e desventuras de Zeno Cosini consegue nos fazer mergulhar por inteiro na vida desse nosso anti-herói. Zeno é um homem ordinário vivendo sua vida da melhor maneira que seu funcionamento neurótico permite. Um dos pontos altos do livro está na forma como os pensamento, situações e personagens são explorados e descritos de forma rica, detalhada e essencial, sem tornar a leitura maçante.

Allisson 13/09/2020

Indicação: A Consciência de Zeno.
Romance de Italo Svevo publicado em 1923. É considerada sua obra-prima. Nela, Zeno Cosini, burguês, rico comerciante de Trieste, já em sua velhice, tratando de seu vício e doença que o perturba a anos decide ir a um psicanalista que o indica como remédio relatar sua vida nos papéis. Este livro é considerado um dos mais importantes romances do século XX.
Li uma edição de 2001, de 400 páginas. É possível encontrar versões mais atualizadas e com preço bastante acessível na @estantevirtual_oficial (R$10,00, por exemplo).
O livro mostra um protagonista sensível e em constante conflito. A história é complexa e construída em várias camadas sedimentadas nos sentimentos, comportamentos, impressões e relações.
Os 65 anos de vida de Zeno meticulosamente construídos nos faz sentir de cara que o livro é quase uma autobiografia. Ele é alocado na contemporaneidade do autor e assim se torna atemporal (afinal, parece que não evoluímos nunca!). Ademais, para entender algumas situações é importante pesquisar sobre o autor, o período de escrita e a história da cidade (Trieste).
Para quem já está ?descendo a ladeira? na leitura, Leia! É uma obra essencial. Um livro atordoante ao mostrar como as aparências a serem mantidas e os sentimentos em revolução dentro de cada um podem transformar o concreto, a vida, as posses, as relações e o absoluto, finalizando com um ?exposed? do que precisa ser ?cancelado? da sociedade.
Pra quem não tem o costume de ler, indico procurar uma edição mais atual. Pra quem gosta de celeridade, o autor não é tão ágil em algumas resoluções, a ponto de em alguns momentos se tornar cansativo. Contudo, isto é muito bem equilibrado com o humor, que é muito bem empregado e constante.
Pra quem gosta de cinema, o drama italiano ?The Words of My Father? de 2001 é a versão em filme.
Passa pro próximo post pra ver a resenha completa
Boa leitura!

Caio.Carrasqueira 30/08/2020

Um ótimo livro
Um livro perfeito e com uma reflexão consciente sobre a psicanálise.

Cristiano.Vituri 14/11/2014

Uma grande história
Não é a toa que o livro sempre está em listas de 100 melhores livros da literatura mundial. Como quem não quer nada e uma história aparentemente trivial (a tentativa do protagonista de largar o cigarro), Svevo penetra no interior da alma de Zeno e nós revela todos os seus sentimentos, suas observações sobre a vida e relatos sobre o que se passa na família e nos negócios.
Zeno é sarcástico e se auto deprecia constantemente, Svevo conseguiu criar uma intriga e enigmas que vão dando corda ao leitor, e o livro flui de forma maravilhosa.
Italo Svevo, através da voz de Zeno, ainda escreveu "verdades" e conceitos dignos de frases épicas, daquelas para se guardar entre aspas!

Kazu 11/05/2020

Zeno, um sujeito paradoxal.
A Consciência de Zeno não é um livro fácil de ler. Em várias passagens ele se torna enfadonho. E há uma explicação para isso. O autor, Italo Svevo foi muito influenciado pelas descobertas da psicanálise de Freud, inclusive tendo traduzido para o italiano A Interpretação dos Sonhos. O livro é na realidade uma autobiografia do personagem principal, Zeno Cosini, cuja produção é incentivada e posteriormente publicada pelo seu psicanalista Dr. S.. Mais do influenciado, o enredo é uma exagerada crítica às ideias da psicanálise e ao próprio psicanalista pelo qual discorre o personagem Zeno, que apresenta suas falhas, seu sofrimento, sua indolência, sua absoluta incapacidade de resistir às tentações, apenas para se mostrar curado e se livrar do seu psicanalista. O enfado que me referi, na realidade, é provocado pelo comportamento de Zeno, um sujeito incapaz de terminar uma tarefa a que propõe, neurótico, um sujeito paradoxal que busca o amor e a felicidade, mas se sabota a todo momento, arranjando confusões desnecessárias. Todo esse comportamento do personagem chega a cansar a leitura, e somente ao final do livro é que se entende que justamente essa é a graça da história. E conseguir enxergar um pouco de Zeno em cada um de nós. E isso só possível, porque o personagem se desnuda, psicologicamente falando, sem qualquer pudor.
Vale a leitura.

GabrielMacambira 23/01/2024

Já no fim da vida, Zeno Cosini, um bem-sucedido empresário de Trieste (norte da Itália), decide fazer um balanço de suas experiências no divã de um analista. Ali, deitado no estreito sofá, ele começa a se dar conta de que toda a sua história, passada e presente, se compõe de pequenos fracassos: o casamento com uma mulher que ele não escolheu, o trabalho que não lhe agradava, as tentativas falhadas de parar de fumar ou de simplesmente mudar de rumo, ter outro destino. A lenta escavação dos fatos e das impressões pela memória é então submetida à visão implacável, irônica e às vezes hilariante de Zeno - que assim, de certa forma, consegue libertar-se da "doença", mas não de suas neuroses.

Debora.Barberis 22/04/2016

 â A Consciência de Zeno 
Um dos livros mais deliciosos que já li.
provocativo, divertido, intenso e muito bem escrito. Ã uma obra de arte.