Resenhas - A Consciência de Zeno

Kazu 11/05/2020

Zeno, um sujeito paradoxal.
A Consciência de Zeno não é um livro fácil de ler. Em várias passagens ele se torna enfadonho. E há uma explicação para isso. O autor, Italo Svevo foi muito influenciado pelas descobertas da psicanálise de Freud, inclusive tendo traduzido para o italiano A Interpretação dos Sonhos. O livro é na realidade uma autobiografia do personagem principal, Zeno Cosini, cuja produção é incentivada e posteriormente publicada pelo seu psicanalista Dr. S.. Mais do influenciado, o enredo é uma exagerada crítica às ideias da psicanálise e ao próprio psicanalista pelo qual discorre o personagem Zeno, que apresenta suas falhas, seu sofrimento, sua indolência, sua absoluta incapacidade de resistir às tentações, apenas para se mostrar curado e se livrar do seu psicanalista. O enfado que me referi, na realidade, é provocado pelo comportamento de Zeno, um sujeito incapaz de terminar uma tarefa a que propõe, neurótico, um sujeito paradoxal que busca o amor e a felicidade, mas se sabota a todo momento, arranjando confusões desnecessárias. Todo esse comportamento do personagem chega a cansar a leitura, e somente ao final do livro é que se entende que justamente essa é a graça da história. E conseguir enxergar um pouco de Zeno em cada um de nós. E isso só possível, porque o personagem se desnuda, psicologicamente falando, sem qualquer pudor.
Vale a leitura.

Cazé 28/01/2024

Uma história sobre vícios
A proposta do livro em si é tratar de algumas passagens que aconteceram na vida do protagonista Zeno sob a perspectiva do mesmo mais velho, ou seja, como Zeno se lembra da sua infância, de seu casamento, de suas associações comerciais e, acima de tudo, por seu vício em cigarros. Por mais que a trama em si pareça algo trivial, a maneira pela qual os fatos são narrados considerando que Zeno é quem as descreve muda totalmente a interpretação dos mesmos, podendo os fatos serem verdade ou uma reimaginação dos mesmos. Dessa forma, o livro fala muito sobre questões mundanas que percorrem o nosso cotidiano, seja pela construção da narrrativa, da motivação dos vícios e até mesmo no desenvolvimento de laços com outras pessoas.

Como um clássico, é uma leitura obrigatória para quem gosta de narrativas cotidianas e fluxo de pensamento.

Lucas1613 18/10/2023

"A Consciência de Zeno" de Italo Svevo
"A Consciência de Zeno", escrito por Italo Svevo, é uma obra literária amplamente reconhecida na literatura italiana. A história é apresentada sob a forma de uma autobiografia de Zeno, o protagonista, que se autodenomina um "zero à esquerda". Este livro, apesar de seu status de clássico, não conseguiu despertar o meu entusiasmo durante a leitura. Devo confessar que, após terminá-lo há três semanas, não estava particularmente ansioso para escrever esta resenha, pois a obra não me cativou.

É importante ressaltar que as preferências de leitura são altamente subjetivas, e é perfeitamente normal não se conectar com um livro que é amplamente elogiado. No entanto, a opinião especializada e a história do livro devem ser respeitadas. "A Consciência de Zeno" é aclamado por sua complexidade e análise detalhada da vida do personagem-título.

A narrativa em primeira pessoa torna a leitura um desafio, pois somos confrontados com a visão de mundo de Zeno, um personagem profundamente complexo. Essa perspectiva singular pode dificultar o acompanhamento da trama e, em alguns momentos, tornar a história mais densa do que o desejado.

Em um contexto mais pessoal, este livro se tornou um exercício de resiliência para mim. Era o 11º livro de uma meta de leitura anual de 12, e a determinação em concluir a obra era uma questão de honra. Mesmo que não tenha sido uma leitura que me envolvesse profundamente, a sensação de realização ao terminá-la é inegável.

Em conclusão, "A Consciência de Zeno" é uma obra literária importante e respeitada, mas, como toda leitura, pode não agradar a todos os gostos. Embora minha experiência de leitura não tenha sido entusiástica, isso não invalida o valor da obra. É fundamental lembrar que a literatura é vasta e diversificada, e cada leitor encontrará livros que o tocam de maneira única. Portanto, mesmo que esta obra não tenha sido minha xícara de chá, é um lembrete de que a exploração literária é uma jornada rica e em constante evolução.

Marcos Nandi 28/06/2023

Este livro me deu um sentimento maravilhoso: O ódio KK não é ruim, longe disso! É um bom livro. Porém, o personagem principal é a pessoa mais cínica da face da terra e até agora estou procurando um lapso de consciência na sua vida.

A história da origem do livre é interessante, tão mais que o livro, no preâmbulo ficamos sabendo que o protagonista escreveu suas memórias a pedido de seu psiquiatra. E este, resolveu publicar o livro por vingança, devido a Zeno interromper o tratamento.

Pouco sabemos sobre a infância e adolescência de Zeno, conhecemos eles a partir da sua luta para parar de fumar, a morte do pai que muito o abalou, e as desaventuras acadêmicas, como sua troca de química por direito.

A vida do protagonista, como dito em suas memórias, constitui-se de uma única nota, sem variações, invejada por muitos mas tediosa para ele.

Em suas memórias escritas quando Zeno já tem 57 anos, ficamos sabendo também de como se deu seu casamento. Isso é bem interessante já que ele se casou com a irmã "errada". Explico: Ele não queria, mas de todas as irmãs foi a única que aceitou o casamento. Até que começa a se envolver com Carla, uma moça pobre que começa a ajudar. Além disso, a história contará sobre sua vida como pai e empresário.

Eduarda.Bierhals 09/10/2023

Legalzeno
Início muito legal, história e personalidade prendem bastante. O capítulo imenso falando sobre o Guido é muito demorado, chato, e poderia ser bem pequeno. A personalidade do Zeno fica bem clara durante o livro, mas chegando ao último capítulo ?Psicanalise? eu tive que voltar pra relembrar a origem do livro. Legal, relativamente pequeno, mas recomendo outras tantas leituras antes.

CoIorado 07/03/2024

Eu sei muitas coisas e infelizmente não sei te ensinar todas como gostaria
"A Consciência de Zeno" era o livro que eu mais estava ansioso para ler do CLC. Não sei se foi devido a essa grande expectativa que eu pus sobre ele e que acabou me frustrando, mas a leitura não foi o que eu esperava

A obra não é ruim, mas eu senti como se estivesse sido enganado pela sinopse; achei que o livro trataria mais sobre o tabagismo do Zeno e a partir disso abordaria algumas questões filosóficas para tentar explicar esse e vários outros problemas psicológicos presentes na vida dele

Pena que o autor abandona esse tema logo no início e passa a escrever mais sobre a vida do personagem (vida, esta, bem sem graça para falar a verdade), e só retoma esse assunto no final do livro

Danilo 12/09/2023

Ufa
Sei que é um clássico, e eu até gosto de uma leitura mais clássica as vezes, mas essa com certeza foi a leitura mais arrastada do ano!

Pateta 29/08/2015

Saudável leitura
É possível a um indivíduo recuperar ou manter a saúde quando o mundo a seu redor anda doente? Como escreve o autor, a vida e a doença às vezes se parecem. Só que a vida é sempre mortal.

Biblioteca Álvaro Guerra 11/01/2019

Trata-se de uma obra simplesmente hilariante, muito divertida, inventiva, e seu humor aparece na narrativa em um tom de desabafo de Zeno ao seu psicanalista. Essa modernidade inscrita no personagem se mostra através da passividade do herói e da introspecção de um neurótico encantador.

site: http://www.bonslivrosparaler.com.br/livros/resenhas/a-consciencia-de-zeno/2619

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788574024950

MIRANDA 12/05/2022

Nem mais, nem menos . Não compreendi o sucesso do mesmo ? ( não desisti de lê-lo por pura teimosia , mas foi por muito pouco ) .
palavra para o livro : enfadonho

Amâncio Siqueira 05/01/2017

Sem Crise de Consciência
“A vida assemelha-se um pouco à enfermidade, à medida que procede por crises e deslizes e tem seus altos e baixos cotidianos. À diferença das outras moléstias, a vida é sempre mortal. Não admite tratamento. Seria como querer tapar os orifícios que temos no corpo, imaginando que sejam feridas. No fim da cura estaríamos sufocados.”

Ítalo Svevo, A Consciência de Zeno

Em sua obra-prima, Ítalo Svevo apresenta recortes da mais fina ironia. Zeno Cosini, o personagem que tem seus “cadernos de terapia” publicados à sua revelia pelo seu psicanalista depois de uma desavença, lembra os personagens de Machado de Assis, em especial Brás Cubas, embora não tenha nenhum receio de “transmitir a nenhuma criatura o legado de nossa miséria.” O terapeuta, que não diz seu nome ao publicar os textos, assemelha-se mais ao Bento Santiago.

Os cadernos de Zeno não estão ordenados por ordem cronológica. Seguindo os padrões da nossa consciência, as coisas são arranjadas por assuntos, e os assuntos vão fazendo ligações e construindo uma trama. O livro inicia pelo tema do vício em cigarro, e já aí vemos desenhar-se o personagem que nos conduzirá até seu íntimo através das memórias: Zeno parece ter uma única resolução na vida: a de não cumprir nenhuma de suas resoluções. Desde as várias últimas vezes em que fumaria até a forma como corrompe a funcionária da clínica de reabilitação para poder fugir, ele disseca e demonstra de forma “científica” a anatomia do fracasso.

No casamento, acaba por vangloriar-se de ter casado com a única das três irmãs que nunca quis, por achá-la feia, e termina sendo o melhor amigo do cunhado, aquele mesmo que pensara empurrar da ponte quando percebeu que sua pretendida se afastava na direção do outro.

Quando se trata da amante, suas crises de consciência são tão rompantes, passageiras e inócuas como com o fumo.

O mais prazeroso na leitura é o fato de seu narrador não tentar esconder nada, lançando tudo o que pensa no papel sem qualquer filtro. A narrativa garante boas risadas para quem gosta de rir de nossas misérias, e promete deixar ao final um alfinete latejando no juízo.

site: https://amanciosiqueira.wordpress.com/2017/01/05/sem-crise-de-consciencia/

Fred Ribeiro 26/08/2018

Digno de 5 estrelas!
Livro digno de 5 estrelas. Ótima leitura, guiando o leitor a se auto avaliar por suas estradas sinuosas da vida. Uma viagem ao fundo do ego. Recomendo!

Giuseppe.Mazzoni 28/09/2018

A consciência de Zeno
Um livro de grande profundidade psicológica, uma neurose q o acompanha por toda a vida. Me chamou atenção a sua relação com o pai e a escolha absurda de uma mulher que não amava.

Filino 08/01/2020

"O melhor romance italiano de todos os tempos"?
Na contracapa dessa edição consta que a obra é "considerada por muitos o melhor romance italiano de todos os tempos". Não conheço a literatura italiana para sustentar algo assim, mas caso isso seja mesmo sustentado por grande parte da crítica literária não seria nada surpreendente. O livro é simplesmente genial.

Graças ao "Doutor S.", que tem consigo as páginas escritas por Zeno Cosini e decide publicá-las (até mesmo por "vingança", como assinalado no prefácio), o leitor é apresentado a pensamentos, medos, fetiches e fraquezas de um personagem inesquecível. Sem maiores pudores, acompanhamos a existência de um homem que, frequentemente, falta com a verdade, trai a esposa e comete outras tantas atitudes que, para um olhar moralista e "politicamente correto", soaria como reprovável. Mas é esse mesmo o encanto e a riqueza do romance: o ser humano nessa dimensão mesquinha, doentia e por aí vai. Ou seja, o humano mesmo.

Zeno divide o seu relato em episódios determinados, tais como o relacionamento e a morte do pai, o casamento, o relacionamento com uma amante, a atividade comercial. Por fim, considerações sobre a psicanálise e um final com sabor de "quero mais". O leitor acompanha tudo isso através de uma narrativa extremamente hipnotizante.

Curioso notar que James Joyce foi um dos responsáveis pela celebridade de Italo Svevo, como revelado logo na primeira página. No mais, além de um livro surpreendente, uma edição impecável. Da capa ao conteúdo.

Henrique Fendrich 12/09/2019

O livro diverte em vários momentos. Zeno é um personagem complexo, e por isso bem real. Tem um medo absurdo do abandono e do desemparo, e ao mesmo tempo é uma folha levada ao vento, deixando aos outros o controle da sua vida. Na parte final, talvez a fórmula tenha se esgotado um pouco.