Psychobooks 27/12/2013
- Premissa + Tornando o previsível em algo delicioso
Sob o pseudônimo de Patricia Cabot, Meg escreve romances históricos. Diferentemente de seus livros no gênero jovem-adulto, como Patricia, Cabot usa e abusa da sensualidade e pontua seus livros com muita intimidade entre os protagonistas.
Romances históricos são previsíveis. Já falei isso aqui no site, mas essa previsibilidade, quando bem-recheada, é um prato cheio para apreciadores de um bom romance.
Nesse livro, Meg nos apresenta um protagonista que tem um pezinho na caracterização do "anti-herói" (Obrigada pelo termo, Bi!). Edward é um homem rico, cheio de amantes, dado à jogatina, bebedeira e às festas. Há 10 anos perdeu seu irmão, que era o próximo na linha ao ducado de seu pai. John, seu irmão, foi deserdado quando casou-se com uma plebeia escocesa e morreu logo depois desse casamento. Deixou um filho, e agora Edward, para se livrar do título e cumprir o último desejo de seu pai no leito de morte, vai atrás do menino.
Pegeen é uma escocesa, filha de um vigário, que criou seu sobrinho Jeremy praticamente sozinha. Hoje o garoto está com 10 anos e os dois estão vivendo de favores em um chalé da igreja. O pai de Pegeen morreu e não deixou nenhum bem para eles. Até que Edward encontra o sobrinho.
Previsível, né? Mas essa é só a premissa do livro, como eu disse lá em cima, o interessante é como a Cabot vai caracterizar seus personagens e como preencherá as 416 páginas.
- Narrativa e desenrolar do enredo
Aqui é que a habilidade da autora fica clara.
A história de Peegen e Edward é pontuada com uma guerra de posições. Edward, como homem e um aristocrata, insiste em se posicionar como o dono da verdade e não entende a relutância da jovem. Peegen, por outro lado, é uma liberal que odeia a aristocracia e deixa isso bem claro, por meio de sua língua ferina e clareza de ideias.
Os dois irão crescer e amadurecer a partir desse embate. Cabot os apresenta como turrões, ambos avessos ao casamento - cada um por suas razões -, e ambos horrorizados com a posição de seu "adversário". Mas como imãs, eles se atraem e é a tensão sexual que rola entre os dois que os fará enxergar que algo pode sair da relação, independentemente das divergências entre eles. E quem sabe, através delas...
A narrativa é em terceira pessoa, mas engessada nas visões de Pegeen e Edward. Já é o segundo romance histórico da Cabot que leio e percebi que ela curte apresentar sua narrativa assim. Dando as duas visões e ainda conseguindo passar com grande habilidade os sentimentos dos dois personagens. A visão poderia ser em primeira pessoa, mas Cabot gosta de, em uma mesma cena, viajar de uma mente à outra. Se fizesse essa troca em primeira pessoa, acabaria deixando o leitor confuso.
- Caracterização dos personagens e ambientação
Todos os personagens são bem-caracterizados. Mesmo tendo o foco constante nos protagonistas, Cabot monta um ótimo plano de fundo, com os personagens coadjuvantes interagindo entre si e dando o apoio necessário para o crescimento da trama.
Edward e Pegeen são personagens bem distintos e ao mesmo tempo bem parecidos. Cabot constrói a relação dos dois com base nisso. O tom bem-humorado e as trocas de farpas entre eles, foram, para mim, o auge da narrativa. A caracterização sarcástica e provocadora de Pegeen, mesmo sendo uma jovem inocente filha de vigário, foi primorosa; ao mesmo tempo, Edward se mostra inocente e uma presa fácil para provocações, apesar de ser um bon vivant bem mais velho que a garota.
E claro, se é um romance histórico, é preciso que o leitor sinta a atmosfera. Cabot me levou para a Inglaterra de 1860 com ótimas descrições tanto dos lugares, quanto das pessoas.
- Vale a pena, Alba?
MUITO!
Esse é o segundo livro da Meg, enquanto Patricia, que leio nessa linha. A fluência do texto é incrível, as reviravoltas - apesar de previsíveis - são bem-construídas e até que surpreendem com o desenrolar. O toque sensual da história é leve, porém marcante e a construção do romance entre Pegeen e Edward é superfofa!
Não vejo a hora de ler outro livro da Cabot enquanto Patricia! Super-recomendo!
Inexplicavelmente, quando os olhos dos dois se encontraram, o sangue rapidamente subiu ao rosto dele
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