Para o meu coração num domingo

Para o meu coração num domingo Wislawa Szymborska




Resenhas - Para o meu coração num domingo


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tiagosmc 09/12/2023

Vida e morte em poesia e bom humor
?Então, por aqui ou por ali
ou talvez por lá
por instinto, intuição,
por cima, pela razão,
por onde der,
por atalhos intrincados.
Por corredores, por portões
seguidos, seguir
rápido, porque no tempo
você não tem muito tempo,
de lugar a lugar
até muitos ainda abertos,
onde há treva e incerteza
mas também lume e deslumbre,
onde há alegria, mas a desalegria
logo ao lado,
e alhures, aqui e ali,
acolá e onde for
há felicidade na infelicidade
como parêntesis num parêntesis,
e aceitação de tudo isso,
e de repente um precipício,
um precipício, mas uma ponte,
uma ponte, mas balouçante,
balouçante, mas única
porque outra não há.?
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Léia Viana 25/07/2023

#12livrospara2023 - Livro de Julho.
Este é o segundo livro que leio de Wislawa Szymborska e é o meu favorito da escritora. Fiquei apaixonada pela elegância das poesias e pela beleza com que ela cria seus poemas dentro de contextos simples ou até mesmo sentimentos mais profundos, como os são os poemas "Relato do hospital" e "O Clássico", ambos falam do fim, mas de maneiras distintas e igualmente bela e reflexiva.

Szymborska, do mesmo modo que emociona faz o leitor refletir com alguns poemas filosóficos neste livro. "Para o meu coração num domingo", poema que dá título a este livro, o eu-poético é latente, mas não é perturbador e é um dos poemas que li várias vezes. Já"Efígie", é aquela poesia que cada palavra lida ali nos leva para dentro do poema.

É difícil selecionar um único poema nessa seleção incrível! E pouco importa quantas linhas Szymborska escreveu, tanto curto quanto longo, sua poesia enfeitiça o leitor.

Além das que citei aqui, os poemas: "Tudo" e "A mão", são os que li diversas vezes e me fizeram pensar e refletir muito, o que de fato é a função de uma poesia: a formação crítico-reflexiva do leitor.

Leitura recomendada!
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Bruno.Dellatorre 23/07/2023

Li pro meu coração num sábado, mas tudo bem
Meu único arrependimento com relação à leitura desse livro foi ter feito a coitada toda em um dia. São 85 poemas, muitos instantes por conferir. Poemas, sobretudo os da Wislawa, nascem pra ser objeto de estudo. De nada vale você ler em trinta segundos só porque eles duram uma página e foi esse tempo que seus olhos levaram pra percorrê-la inteira. O mais justo (na minha cabeça): ler, depois voltar aos pedaços não captados, tentar juntar uma pecinha aqui, outra ali... se você só toma, vai lendo um atrás do outro, dá o que deu comigo: acabei tendo uma overdose (potencializada porque ontem mesmo terminei de ler outra coletânea dela).
De qualquer forma,
mesmo entorpecido foi impossível ignorar o que estava à minha frente.
Ela é cheia de sacadas geniais. Coisas que você não presta atenção, coisas nas quais nunca tinha pensado daquela forma - ela prestou, ela pensou. E agora te diz, com toda a ternura e o bom humor que lhe são característicos.
Meus destaques:

- Um contributo à estatística (talvez meu poema favorito dela dentre todos. Me dá vontade de chorar toda vez que chego ao fim. Lembro ainda o deslumbramento que foi a primeira leitura dele)
- Nada é dado (esse foi, por muito tempo, meu favorito. Até ler o de cima - eu, antes de ler o livro de cabo a rabo hoje, de vez em quando folheava, dava umas espiadas. E amava tudo que achava nessas frestas)
- Entrevista com Átropos (minha nossa, esse é muito ótimo. Não tava esperando nada pelo título e quando acabei era uma super porrada)
- A mão (esse é curtíssimo, engraçado e um socasso)
- Lista (o último parágrafo... é tão wislawa...)

E ainda:
- Todo o caso (um clássico dela)
- Reciprocidade (encerra muito bem a coletânea)
- Experimento (já tinha lido antes e o fim não tinha ficado claro... quando li e ficou... foi uma luz que acendeu)
- Sessão (lindinho)
- Társio (super crítica)

Uns acho que não entendi:
- Louvor do mau conceito de si
- Prospecto
- Reabilitação
- Sem título (o fim ficou meio...?)
- Dia 16 de maio de 1973 (a última linha ainda me confunde)

Uns são depressivos:
- Despedida a uma paisagem (provavelmente ela escreveu pensando no Kornel, companheiro dela, que tinha falecido na época. Fiquei triste)
- Monólogo de um cachorro enredado na história (é triste. Depois que acabei, fiquei mal, me sentindo meio incomodado de lembrar)

Mas tudo bem, porque ela também distribui umas pequenas graças, pra atenuar o peso entre um poema e outro:
- Das lembranças (uma historinha curiosa)
- Uma menininha puxa a toalha (pura fofura)
- No aeroporto (tão simples, tão bonitinho)

É uma seleta imperfeita, talvez longa demais (principalmente se você for um leitor guloso e estiver meio hipnotizado meio sem outra coisa pra fazer), mas que traz em seu corpo inúmeros presentes escondidos. Cada visita a ele é garantia de novos ganhos.

Essa foi minha primeira experiência lendo-o inteiro.
Vou fazer isso de novo daqui um bom tempo, mas fora de ordem, abrindo uma página ao acaso, dando tempo ao tempo, no desfrute (como acredito que ele mereça ser lido).
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"Aonde você vai Sam?" 26/05/2023

Comemorando o centenário da autora!
Wis?awa Szymborska nasceu em 1923 e esteve por mais ou menos meio século entretida nesse brinquedo de escrever poesia.
Escreveu poucas centenas em vez de muitos milhares de poemas nesse tempo todo, não gastava tinta à toa!

É Nobel de literatura por causa desses "poucos", mas poderosíssimos versos.

É ler para crer!

Nesse volume, o terceiro lançado no Brasil e o terceiro que leio, encontrei ainda algo novo que nem nas coletâneas anteriores dela, muito menos noutros poetas encontrei (ou julgava existir/ser possível!),
poemas que são como contos de ficção científica dignos dum Asimov ou K. Dick.

Então essa discreta poeta polonesa subiu mais uma vez a barra. A poesia comum, besta ou carente de doses cavalares de filosofia não mais me iludirá.

E que venha a próxima coletânea!
Ainda deve haver meia dúzia que dê pra encher um voluminho (os três que já saíram somam só 213 poemas) e transbordar as almas dos leitores.

Ah, e parabéns pelo centenário dona Szymborska!
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Michele Soares 02/01/2023

szymborksa com e contra o mundo.
e as palavras. e a ordem de tudo (o próprio "cosmo"). a poeta como uma grande rebelde.

*

admiro muito a capacidade dessa mulher de escrever poemas como quem desfere socos e chutes - tudo é certeiro, preciso, e convida à alguma reação do leitor, qualquer uma que seja. o que importa é que o leitor não passe impune pelas situações, problemas, objetos, animais, paisagens, quadros, questões, espantos e estranhamentos propostos a cada uma ou duas páginas - esse é, frequentemente, o espaço do qual ela dispõe. ler szymborska é como acender um rojão que dá certo - você solta e espera a explosão. em todos os poemas, alguma explosão, nem sempre grandiosa, enfeitada ou refinada como os fogos mais atrativos para o olhar. às vezes a explosão é baixinha - "not with a bang but with a whimper". mas ela sempre vem e está lá, em cada poema. fica um pouco repetitivo às vezes, mas podemos justificar como a poeta como sendo essas as "variações" em torno de um mesmo tema (a humanidade, a civilização, a finitude da vida, o acaso, a ausência, o nada, por ex.). como se flagrassemos textualmente uma pessoa observando um objeto de vários pontos de vista e dizendo o quê vê. esse exercício de perspectiva não diz respeito só à repetição de um ou outro tema/imagem, mas também justifica uma coisa louvável que é o exercício da alteridade. a voz poética encontra muitos corpos, humanos e não humanos, através dos quais falar. alguns lembram um pouco os epigramas antigos, em que, na ausência do contexto, o texto fica responsável por construir o contexto de forma mais ou menos completa ou lacunar. os vários pontos de vista como exercícios de metamorfose da voz. eu é um outro? sim e não. assistimos e poeta em comunhão com essas vozes outras, entrando no ringue da poesia por meio desse estranhamento de si e do outro ou de si através do outro (o humano pelos olhos de um cachorro), movimento que acho dos mais interessantes e divertidos, às vezes, pois na poeta não falta humor (às vezes sob a masca de um risinho irônico). além disso, em szymborksa ficam evidentes o gosto pelas ciências, a curiosidade, a linguagem simples, o estranhamento do mundo, o tom por vezes estoico de algumas situações, e a relação conflituosa com conjunções adversativas. nada escapa do seu questionamento, para os quais ela procura e não procura resposta - ora, procura e não encontra, ora procura sem querer realmente encontrar, parece. mas podemos negar que szymborska foi uma das poetas mais capazes de formular as perguntas.

destaco alguns poemas: o tristíssimo "monólogo de um cachorro enredado na história", o assustador "acidente na rodovia", o maravilhoso "resenha de um poema não escrito", o comicamente perturbador "nada é dado", belo "para o meu coração num domingo" e o também tristíssimo "enfim a memória".
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jade 26/12/2022

dentre os outros 2 livros, esse, pra mim, fica em último. e ainda assim é um dos livros mais esplendorosos que ja li. não tem muito o que falar da Wislawa, grata descoberta.
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Bia 22/12/2022

Como esperado, 85 pílulas de deslumbramento
"Sobrevivi a você
só o bastante
para pensar de longe."
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Maria Fernanda Greiner 26/11/2022

Os sonhos, efêmeros, permitem
que a memória os descarte facilmente.
A realidade não precisa temer o esquecimento.
É osso duro de roer.
Pesa no peito,
Aperta o coração,
Não sai do pé.

Dela não há como fugir
porque em toda fuga ela nos acompanha
E não há estação
na rota da nossa viagem
na qual não esteja à nossa espera.

Esse livro foi um presente de uma amiga muito querida que divide comigo, dentre tantas outras coisas, o amor pela leitura.

Eu não conhecia as obras da autora, só sabia mais ou menos quem era pelas listas do Nobel de literatura, mas conhecer um pouco de sua obra foi uma grata surpresa, fica evidente que era uma pessoa que respirava, sonhava e vivia poesia, um poema mais lindo que o outro, alguns mais divertidos, outros mais pesados. É uma experiência completa.

Assim que terminei o livro tratei logo de comprar "um amor feliz" que pretendo ler semana que vem!
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@andressamreis 25/11/2022

Grata surpresa
Estas poesias são para ler e reler sempre!
Fiquei encantada que esta polonesa , ganhadora do Nobel de 1996, teria tanto para me tocar e sensibilizar!

Nesta edição bilíngue teve o adendo de ler e ouvir a sonoridade de seus versos no original. Foi a cereja do bolo!

Aos poucos a gente vai se entendendo e recriando como leitora e percebo que me encanta a delicadeza dos pequenos. Seja um fato fortuito do dia a dia, seja um olhar, seja o destaque de uma vidinha de inseto, para se entender o que nos toca profundo e nos faz ter uma lupa para entender o coletivo, o macro.

É assim com Manoel de Barros, Ana Paula Tavares, Szymborska e em Amélie Poulain
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Milena.Berbel 17/07/2022

Isto não é uma resenha mas uma declaração de amor
Tem certos livros que me acertam em cheio. São poucos, aliás (os que me arrebatam). Mas o efeito é forte.

Quanto à Szymborska, por exemplo. Agora que concluí o seu terceiro livro de poemas, eu posso dizer que se eu já amava a literatura desde que me entendo por gente, passei a amar poesia por causa dela (ainda que não tenha sido um amor instantâneo, mas pouco a pouco descoberto, e depois, irreversível).

E vai ser difícil alguém conseguir tirá-la desse pedestal onde eu mesma a coloquei, e com muito gosto.
Logo ela, avessa a qualquer tipo de veneração.

Se suas coletâneas de poemas não fossem tão caras (ainda que sejam edições excelentes), eu compraria uma porção, pra presentear aqueles a quem eu quisesse, de algum modo, tocar o coração, cutucar as ideias, e, de uma maneira meio disfarçada, mostrar um pouco de mim mesma.
Alê | @alexandrejjr 13/09/2022minha estante
A Szymborska é extraordinária mesmo. A poesia dela é de uma sensibilidade ímpar a respeito do mundo.


Milena.Berbel 13/09/2022minha estante
Exatamente isso.




Wacinom 16/07/2022

Poemas que tocam almas sensíveis e visionários. Delicadeza e mistério. Cada verso compondo o poema do ser.
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Lorena 28/03/2022

Simplesmente lindíssimo.
Poemas que falam dos grilos, besouros e formigas e poemas que falam sobre perspectiva romântica, medos, sonhos e morte.
Chorei um pouquinho em alguns trechos pela epifania que eles trazem, mas é uma delicia de leitura!!!!!!!!

?Não é desprovido de charme este mundo terrível,
nem de manhãs
pelas quais vale a pena acordar?

Trecho do poema ?A realidade exige?.
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João 17/03/2022

Resenha de poemas escritos*
Se escrever sobre poesia já é difícil, escrever sobre uma antologia de poemas que cobre meio século de produção seria uma tarefa hercúlea, por isso gostaria apenas de elencar algumas das minhas impressões ao longo da leitura.

- Wislawa é uma poeta extremamente versátil, a coletânea apesar se ter 85 poemas não se torna entediante em momento algum, pois há uma variedade de tema e de técnicas de escrita;

- na minha leiga percepção, a característica mais marcante dos poemas desta coleção são os desfechos marcantes, que chocam e amarram os versos anteriores;

- o espírito contemplativo desta obra é inebriante. Leiam o poema A Cebola, que parte da observação do vegetal enquanto percorre a nossa interioridade;

- eu diria que a arte, a morte, os sonhos, o amor e a guerra são os temas mais recorrentes;

- meu poema preferido da coletânea (depois do poema homônimo) é A Estação.

*um dos textos se chama resenha de um poema não escrito
Alê | @alexandrejjr 19/03/2022minha estante
Wis?awa Szymborska sempre vale a pena! E esse é o mais "gordinho" dela, o único que ainda não tenho - e não li. Agora é esperar as feiras ou uma boa promoção do seu Jeff Bezos...


João 19/03/2022minha estante
Eu comprei naquela promo de 50% da companhia, ele é carinho mesmo




Gabriela 13/03/2022

Grandeza na pequenez, que se torna grande
A poesia de Wislawa Szymborska é de uma beleza ímpar. Dos versos que escreve sobre grilos e formigas até os que falam de sonhos e da morte, está presente a qualidade indubitável da poesia de Szymborska. Muito me chamaram a atenção dos poemas metalinguísticos, que falam sobre a criação de um poema, sobre máquinas de leitura, sobre palavras que vem em sonho (tendo a própria Szymborska compartilhado, em vida, que vez ou outra sonhava com versos e palavras e os transformava em poemas).

Para quem procura sensibilidade e força, cotidiano e filosofia, sonho e realidade.
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ju pazzoti 24/01/2022

"para o meu coração num domingo" foi minha dose diária de poesia nos últimos meses e agora que terminei já sei que vai ser aquele livro que vou revisitar muitas vezes. é um daqueles livros que você quer guardar pro resto da vida

Alguns dos meus poemas preferidos como "O Clássico", "Talvez isso tudo" e "Advertência" não saem da minha cabeça de tanto que me tocou haahahah

nessa coletânea Wislawa coloca alguns temas recorrentes como a morte, o cotidiano, sonhos, existência, tudo com uma sensibilidade incrível e tambem com uma certa ironia como em "Um contributo à estatística"

enfim, recomendo muito para os amantes de poesia e também para quem quer começar a ler o gênero
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