spoiler visualizaraulitska 12/09/2021
Curto, objetivo e impactante
"Mulheres, comida e Deus" explora o quanto nossa relação com a comida reflete nossa relação com vida e nossas crenças.
Achei o livro muito bem escrito, uma leitura fluída, curta e objetiva, que traz vários conceitos importantes. Vou trazer um resumo das partes que mais me marcaram, mas recomendo a leitura completa:
Geneen Roth conta que seus problemas com comida começaram quando começou a utiliza-la como alívio para a dor cotidiana. Ao mesmo tempo, utilizava o ato de comer em excesso como uma forma de se punir e de se envergonhar. Poderia ter utilizado álcool, drogas ou qualquer outra coisa, mas utilizava a comida.
O ponto de virada foi quando ela decidiu parar de tentar se consertar. Quando você sempre se vê como um problema a ser resolvido, não importa o que faça, seu objetivo nunca será alcançado. Você pode perder quantos quilos quiser, atingir a aparência desejada, isso não importará se em sua mente você for um erro.
No entanto, ao passar seus conhecimentos adiante em seu seminário, viu que havia uma resistência das pessoas em respeitarem seus corpos, pois elas não se viam como pessoas dignas de respeito.
Ela menciona que nosso valor no mundo sempre esteve atrelado à nossa aparência e não ao simples fato de existirmos. Enquanto isso, as inúmeras tentativas de emagrecimento afastam da nossa essência, do que realmente somos. Por isso, quando decidimos nos assumir além da aparência, o sentimento é de uma tranquilidade inefável, a sensação é de finalmente saciar uma fome como nunca antes.
Comer compulsivamente tenta compensar a ausência de algo, é uma maneira de evitar lidar com sentimentos, de sair de si mesmo e distanciar de uma situação que está fora de nosso controle. Por isso ela traz que uma das maneiras de lidar com a compulsão é estando presente, evitando fugir e ocupando o centro de nossas próprias vidas (o que nem sempre queremos e não quer dizer que seja fácil).
Ela menciona que a compulsão pela comida busca quantidade, volume e consequentemente inconsciência, embora haja quem diga que gosta do sabor. No entanto ela diz que quem gosta de alguma coisa, dedica atenção a ela, presta atenção e dedica tempo. A compulsão por comida não gera esse sentimento.
Do ponto de vista dela, ódio, tortura, privação, punição e vergonha que são promovidos por dietas não levam a mudança. O que leva a mudança duradoura é entendimento, questionamento, abertura, quando entendemos profundamente o que está no que não se vê, quando entendemos por que comemos, por que fazemos o que fazemos.
Precisamos focar no presente e entender que as histórias que nos assombram são apenas histórias, que a versão de nós que acreditamos que somos é apenas uma autoimagem refratada criada pela imaginação a partir de inferências, lembranças e condicionamentos aprendidos, que sentimentos são apenas sentimentos quando encaramos de frente e tem espaço para desenvolver.