anna 30/08/2022
tem um quê de sally rooney
nossa percepção sobre algo é totalmente condicionada a nossa realidade, em especial ao momento específico pelo qual estamos passando. casey sabe que na prática ela é uma escritora, mas sofre tanto com a insegurança que mal se atreve a confessar para si mesma, mas no fundo ela também sabe que apesar de se sentir uma farsa, é apenas em sua escrita que se sente refugiada das dores da vida.
eu odeio triângulo amoroso, mas pra mim o eixo ?lovers? desse livro não é somente sobre silas e oscar e os sentimentos conflituosos de casey. temos o amor fraternal de caleb, a dor do luto e do amor que guiava a relação com a falecida, o amor pela família que ela encontrou em suas amizades, e em especial a muriel, uma amiga que entende casey profundamente e que nunca a desamparou.
sobre a parte da protagonista lidando com as crises: foi muito encorajador acompanhar ela quase se perdendo e depois tomando impulso, emergindo novamente, acompanhar a primeira lufada de ar depois do pânico me tocou muito.
fiquei muito feliz com a escrita repleta de recursos visuais e sensoriais, carregado de emoções e sentimentos, e coisas simples, do cotidiano, descritas de formas encantadoras (como as gaivotas ou o banho nas crianças). as últimas paginas do livro me deixaram revigorada, eu torci e vibrei a cada palavra lida
eu indico esse livro pra todo mundo que está ou já passou pelo limbo do luto, as coisas vão melhorar.
?há uma sensação particular no corpo quando algo dá certo depois de muito tempo de tudo dando errado. é quente, doce, solto."