Luiza Helena (@balaiodebabados) 13/04/2020Originalmente postada em https://www.balaiodebabados.com.br/Em Queda Livre foi um livro que me surpreendeu bastante. Logo nos primeiros capítulos me vi super envolvida na vida de Amelia/Mia e não conseguia parar de largar.
Amelia ou - como gosta de ser chamada - Mia é uma mulher que está sofrendo por razões que nem ela sabe explicar. Após um acidente, que pode ter sido uma tentativa de suicídio ou não, ela é mandada pelo seu irmão para um lugar chamado Oasis, na esperança de que possa ajudá-la psicologicamente e a se entender.
Já nos primeiros capítulos, vemos como nem Amelia sabe a razão por gostar de fortes emoções. É para provar algo? É uma forma de chamar atenção? Nas sessões com seu terapeuta, dr. Leo Chastain, junto com ela, partimos em uma jornada para conhecer a verdadeira Amelia, suas motivações, seus medos, seus traumas...
O livro é dividido em duas partes - A Queda e O Voo -, o que me surpreendeu. Achei que todo o volume seria focado na estadia de Mia no Oasis, mas não... Gostei de ver a personagem recuperada, tomando as rédeas da sua vida, se permitindo viver e se arriscar, mas de forma saudável. Com certeza a Mia da parte dois é uma pessoa bem mais confiante, viva e feliz do que a Mia da parte 1.
Guiando Amelia nessa jornada, temos o dr Leo Chastain. Particularmente não sabia como me sentir nessa situação de envolvimento entre médico e paciente, ainda mais terapeuta, mas a autora soube trabalhar bem esse tabu. Como a narração é feita por Mia, até a própria mulher não sabia como se sentir em relação ao médico. Seria um sentimento verdadeiro? Seria alguma projeção que ela fazia nele, como figura de autoridade?
Leo é um homem integro, solidário e dedicado a ajudar todos os pacientes do Oasis. Apesar do seu interesse em especial por Amelia (que lá na reta final vamos descobrir o verdadeiro motivo), assim como ela, ele também sabe o quanto pode dar ruim - tanto para o tratamento dela quanto para sua carreira - eles se envolverem. Pela visão de Mia, vemos que ele também sente uma atração por ela, mas resiste em nome do profissionalismo e respeito com seus pacientes.
Os personagens secundários também são bem desenvolvidos. No Oasis, conhecemos outros ocupantes com problemas reais, sentimentos reais que você se apega. Mesmo com seus próprios demônios, eles se ajudam uns aos outros a poder superar toda essa fase na vida. Apesar de suas diferenças, gostei bastante a inusitada amizade que ocorreu entre eles.
A escrita da autora é bem intensa e envolvente. Com a narração em primeira pessoa, você vê de perto toda a dor de Amelia e seu processo de superação, assim como acompanhamos sua vida após superado seus problemas. É gritante a diferença de personalidade e perspectiva da personagem se compararmos suas duas fases da vida. E também é impossível não ficar feliz por Mia ter alcançado sua felicidade.
Um único detalhe que não curti muito foi a questão do conflito no final do livro, que poderia ter sido resolvido com uma conversa entre adultos. Entendo Mia ter se sentido traída e magoada por conta da situação, mas se isolar nunca é a solução correta. Porém, após esse detalhe, somos agraciados com um epílogo lindo e fofo, que me fez terminar o livro com um sorriso no rosto e bem por ver que Mia finalmente recebeu tudo de bom que merecia nessa vida.
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