Isa Bom O 04/12/2023
Muito bom, recomendo
Romance escrito no final do século 19 por Eça de Queirós.O protagonista Gonçalo Mendes Ramires é o último fidalgo representante de uma nobre família portuguesa. É um fidalgo que precisa se adaptar aos novos tempos de Portugal, se dividido entre os valores do passado e presente, traduzindo o sentimento português diante da nova ordem social que se impôs no período.
Primeira Parte
Gonçalo administrava a casa da família Ramires, enorme por sinal, em Santa Irinéia, mas vai pra Lisboa por causa de uma hipoteca. Lá encontra José Lúcio Castanheiro que ia lançar uma revista quinzenal chamada ?Mais da literatura e de história?, com a missão de ressurgir o sentimento português. Nisso esse amigo pede pra Gonçalo escrever uma história sobre sua renomada família. Para Gonçalo essa ideia convinha porque ele tentava uma carreira política e participar de uma revista com homens eruditos e até conselheiros de estado era uma vitrine para ele, então ele aceita. Ele acaba adaptando um texto escrito por seu tio que contava a história da família.
O caseiro bebia muito, jogando pedras na janela e Gonçalo o despede, pois o contrato de arrendamento acabava cedo. Assim o lavrador José Casco propôs a Gonçalo arrendar as terras, fazendo um trato com um aperto de mãos.
Em relação política, Gonçalo odiava o governador da província de Oliveiras (André Cavaleiro) e brigava toda hora por isso. Dizia até de sua mulher, que era a mais bela da região e não entendia porque. O que Gonçalo odiava no André Cavaleiro não era o político, e sim o homem que desprezava a anos. Suas famílias eram vizinhas e eles eram amigos. André ia para a torre dos Ramires para paquerar a irmã de Gonçalo e todos achavam que ele ia pedir sua mão quando se casasse, mas na realidade, ele foi pra Lisboa ser deputado (Gracinha ficou muito triste e seu irmão prometeu vingança). No final Gracinha casou com Barolo.
Dia seguinte Gonçalo começa escrevendo a história. A história de seu tio (Trutesinho) iniciava com a confiança que o rei tinha nele. Quando em uma guerra o rei foi deposto, seu rio ficou entre a lealdade do rei antigo ao rei novo, botando seu filho para obter informações sob ambos governantes.
Depois foi atender Pereira, que queria arrendar a torre que já estava na mão de José Casco (pelo trato de mão) e pagaria melhor, mudando o negócio.
Gonçalo vai ver o deputado e sua esposa Ana no cemitério e falam sobre como os Ramires tem poder lá. Ana fala de Titó Ramires, deixando uma má impressão. Depois ele vai visitar sua irmã em Oliveiras porque era aniversário dela e vê André Cavaleiro em uma carroça, ficando bravo. Gonçalo encontra Barreto e Titó e falam sobre como ganha bem um governante e Gonçalo fala mal de André. Nisso as irmãs ricas fofoqueiras escutam mas Gracinha vai atende-las. Gonçalo aproveitou que estava na província de Oliveira e assinou o contrato de arrendamento com Pereira e volta para casa.
Segunda Parte
Gonçalo vai andar de cavalo pelo seu terreno e um homem passa rindo e esbarrando em seu cavalo, ficando enfurecido. Depois disso chega uma carta de Castanheiro dono do jornal falando que ia espalhar cartazes sobre a revista, divulgando assim a obra de Gonçalo.
Ele começa o segundo capítulo falando uma história romântica sobre a filha de seu tio. Dona Leolante amava um bastardo de família inimiga que acaba prendendo seu irmão Lorenzo.
Depois José Casco cobra Gonçalo sobre o aperto de mão que servia como um tratado de honra quebrado pelo Ramires e quase o agride com um cajado. Gonçalo vai prestar queixa desse caso na cidade para seu amigo administrador e descobre que o deputado Sanches morreu, sendo sua chance, e descobre que para isso deveria fazer as pazes com André.
Ele assim vai ao encontro de André Cavaleiro para falar que foi ameaçado de morte pedindo por justiça, se resolvendo com ele e telegrafando sobre para um responsável prender o lavrador. André fala da vaga de deputado para Gonçalo, que ele o ajudaria. Depois recordaram o passado e fizeram as pazes, então Gonçalo recebe uma carta falando que o ministro o aprovou.
Gonçalo volta a novela para publicar antes de ser eleito. Ele é interrompido pela mulher de José Casco que estava chorando na cozinha com todos os filhos pela prisão de seu marido lavrador. Nisso Gonçalo diz que vai pedir pra libertar seu marido e que ia cuidar de seu filho com febre até que a chuva passasse. No dia seguinte, Gonçalo recebe uma carta das irmãs fofoqueiras dizendo que ele vendia a honra da irmã pela vaga de deputado, já que o Cavaleiro rondava a casa dela.
Alguns dias depois, Gonçalo vai pra casa de André Cavaleiro em outra cidade. Cavaleiro faz a seguinte proposta: Ir a Oliveira falar com o marido de Gracinha para falar sobre política. Barrolo diz que vai apoiar Gonçalo na vida política e que fica feliz com essa nova tríplice aliança. Nisso eles fazem um jantar com Gracinha, Barrolo, Cavaleiro, Gonçalo e a Prima Maria Mendonça, que no final vira de negócios para uma conversa de amigos. Aí Maria Mendonça fala pra Gonçalo que uma nobre senhora está interessada por ele.
Dias depois Gonçalo voltou pra torre e João Casco vai pedir perdão pela ameaça e agradece imensamente pelos cuidados com seu filho doente.
Gonçalo estava andando atrás de voto e encontrou novamente o rapaz que o esbarrou no cavalo. Esse homem faz uma careta agressiva pro fidalgo e gargalhava. Gonçalo não o conhecia.
Já em casa, Gonçalo recebeu um bilhete de Maria Mendonça, que passava uns dias com a viúva de Sanches e pediu permissão para visitar o cemitério, dando informações detalhadas. Nisso Gonçalo acha que é ela a moça interessada que sua prima citou no jantar e vai ao encontro delas. A má impressão que Gonçalo tinha da viúva desapareceu (citado na 1 parte do livro).
Gonçalo volta a escrever a novela e fala sobre a cena que Lobo de baião, o rival da casa dos Ramires, vai até a torre e oferece a vida de Lourenço Ramires em troca do casamento com a Dona Leolante. Nisso ele vai pra Oliveiras pra enviar os capítulos para Lisboa e encontra no caminho um dos viscondes mais importantes da região. O visconde diz que Gonçalo terá seu voto e que confia muito nele como homem, pois ele salvou a neta dele que estava pegando uma bola em cima de uma janela e podia se acidentar, em troca ela deu um cravo.
Gonçalo já em Oliveiras vai em um mirante e vê a Gracinha com o André Cavaleiro juntos, ouve gemidos e sai correndo, voltando para casa.
Terceira Parte
Desde a tarde do mirante, Gonçalo nunca mais se comunicou com Barrolo ou sua irmã, parecia sentir nojo de tudo que vinha da casa deles. No final mandou os capítulos finais da novela por um empregado e se culpava por ter permitido a relação da irmã com André, além de depender politicamente e economicamente (tinha dividas que o pai de Gonçalo deixou) de Cavaleiro mesmo desonrando sua irmã novamente. Então Gonçalo pensa em casar-se com a viúva do Sanches inteiro e não depender mais de André Cavaleiro.
Fildalgo desistiu de escrever e encontrou com Titó, que disse para não casar-se com a viúva de Sanches pois ela teve um amante enquanto era casada (não é mulher de respeito).
Depois ele sai e encontra um menino sentado numa porta e na janela da casa, o rapaz que o intimidou já duas vezes (esbarrando com a arma e fazendo careta). O rapaz pergunta ao menino porque ele estava conversando com Gonçalo, Gonçalo briga com o homem e ele retruca dizendo ser um Ramires de merda. Depois de dar um chicotada neles, Gonçalo descobre que o homem é um valentão chamado Ernesto e ordena para que prenda os dois homens.
Barrolo visita Gonçalo com Gracinha pelo seu sumiço e mostra uma carta das irmãs fofoqueiras sobre as traições de Gracinha, pedindo para que Gonçalo a guarde (Barrolo não acredita). Assim Gonçalo visita a irmã no quarto, mostra a carta e diz que ela precisa ter cuidado, que não deve mais fazer isso e que Barrolo não acreditou.
Um funcionário chega então depois na sala quando todos estavam dizendo sobre o Ernesto. Que ele roubava, agredia moças e crianças e que brigava com todo mundo, mas ele estava passando muito mal da chicotada, ficando com a boca torta e sem orelha. O menino fugiu. As pessoas da vila começam a idolatrar Gonçalo e a criar mitos sobre a situação.
As visitas vão embora e Gonçalo retoma seu trabalho, falando da perseguição de truquezinho Ramires e Lobo de Baião, que terminou com uma morte dolorosa na mata por sanguessugas.
Visconde vão parabenizar Gonçalo por bater no valentão e diz que não havia dúvidas que ele venceria as eleições. Depois recebe uma carta da prima falando sobre sair com a viúva de Sanches mas ele nega.
Depois acontece um jantar com Gracinha, Barrolo, Gonçalo e Cavaleiro em que é anunciado que Gonçalo receberia o título de Marques de Tercheto, porém o Fildalgo não aceita essa nomeação já que era muito novo e devia assumir essa posição alguém velho, como o rei.
No dia da eleição, Gonçalo ficou sozinho em sua casa meditando sobre sua vida. No fim do dia, a vila o declarava deputado, mas fidalgo ficou sozinho vendo a torre de sua casa iluminada. Nisso ele resolve subir nela e vê tudo e todos, se sentindo especial. Ele compreende que era popular, tinha se agarrado a Cavaleiro para roubar votos que lhe dariam de graça as pessoas que o admiravam. Essa desconfiança em si mesmo foi o que estragou sua vida, a mesma desconfiança que semanas antes o geraram medo. O que um homem precisava pra ser eleito de Deus se ser deputado não era? Precisava apenas do claro entendimento das realidades humanas. Assim Gonçalo pensa que sua vida devia seguir agora pelo trabalho que fizesse devolver a essa gente e a ele mesmo o prazer da vida.
No final a novela da torre de Ramires foi aclamada por todos como uma reconstituição moral do velho Portugal heróico. E em meado de janeiro, Gonçalo parte para Lisboa para ocupar seu lugar de deputado, compra grandes terras na África e hipoteca a torre. Ele embarca num navio pra África e volta depois de 4 anos para se casar-se com a neta do visconde ricasso que salvará da bola.