Resenhas - A mãe

Pedro Matias 10/03/2021

A Mãe - Uma bela história
Em "A Mãe", uma mulher pobre acaba se envolvendo com o sindicalismo e com a militância política para tentar evitar que seu filho, um operário, seja preso fazendo essas atividades.

Eduardo 11/07/2010

Curioso que ao mesmo tempo em que lia essa peça, também lia um livro de contos do Cabrera Infante, onde em determinada cena, um dos personagens se refere a Brecht como "Shakespeare dos sindicatos", rsrs. Eu gostei da peça, embora sinta que essa peça, pela forte mensagem que quer passar, ao retratar a luta de classes pelo lado dos trabalhadores, agrada-me bem menos do que uma de shakespeare, bem mais humano, e sem intenções políticas...diga-se assim. Mas o texto é inteligentíssimo e forte, com seu toque de poesia. Ele retrata a transformação de Pelagea Wlassowa de uma sisuda e miserável viúva de um operário e mãe de outro em uma revolucionária sindicalista, sem medo de enfrentar a causa, sem temer a morte ou homens. Em certa passagem, belíssima (da página 74) diz a mulher a outras que censuravam-na: "Mais do que a morte, temei antes a insuficiência da vida! Não sei quando a peça foi escrita e, depois, encenada. Mas tenho certeza que deve ter sido censurada inúmeras vezes pelo tom subversivo da primeira à ultima cena: um hino à liberdade e à justiça, cantado por todos os personagens, mas que se fixa na figura de Wlassowa, representante de milhões de mulheres e homens cansados de submissão. Mesmo com intenções nitidamente políticas, não chamo a peça de panfletária. Se o fosse tão somente assim, teria perdido sua força, teria ficado no tempo. Coisa que não ocorre com "A mãe", arte a serviço dos homens. Aliás, isso me lembra outra passagem da peça que destaco, pra fechar:

A SENHORIA: O homem precisa de Deus, senhora. Wlassowa. Não pode lutar contra o destino.
PELAGEA WLASSOWA: E nós dizemos: o destino do homem é o homem.