Resenhas - Segunda-feira Nunca Mais

Rafael.Giuliano 19/11/2012

A importância de se fazer uma leitura crítica.
Quando vi, pela primeira vez, o título deste livro, decidi que o deveria ler, tanto pela semelhança do tema de "Segundas-Feiras Felizes", de Richard Reeves, Ed. Futura, quanto pela provocação da expressão "nunca mais".
Sou defensor assíduo do valor do trabalho e da sua importância para a construção da cidadania. Por este motivo, reconheço a pesquisa histórica feita por Reeves em seu resgate desta valorização.
No início da leitura deste título de Dan Miller fui confrontado com um visão excludente, em que o autor separa o "bom trabalho" do "mau trabalho", reduzindo algumas atividades à margem da valorização.
É certo que alguns trabalhos se destacam pela aplicação do capital intelectual e tecnológico focados na criatividade, enquanto que outros estão voltados à atividade manual, às vezes repetitivas, porém, que de maneira alguma podem ser desvalorizadas, pois tornam real tudo aquilo que a mente inventiva idealizou.
O primeiro exercício, e talvez a maior lição, que aprendi com Dan Miller foi que o fato de não concordar com a maioria dos argumentos de um autor não é motivo para abandonar um livro, a menos que este contradiga, ou ataque diretamente, seus princípios e valores individuais.
Daí o segundo exercício, li todo o livro, pois desejava conhecer todos os argumentos propostos por Miller, a fim de poder extrair tudo o que pudesse contribuir com minha pesquisa e aprendizagem, tudo o que me somasse valor.
E não estou falando apenas dos argumentos que corroboram minhas perspectivas sobre o trabalho e o papel deste na vida das pessoas, mas também os elementos contrários, que me enriquecem os próprios argumentos em defesa do resgate da valorização do trabalho e do trabalhador, em todos os segmentos e formas de atividade.
O livro deixa a desejar nos seus argumentos fundamentais, porém, faz refletir sobre questões de máxima importância para todo o profissional que deseja rever seus próprios conceitos e compreender o valor do seu trabalho, ou do próximo.
O incentivo ao empreendedorismo, ainda que um pouco falho nos argumentos, promove a ideia de se reinventar e inovar, partindo dos próprios talentos e da descoberta de novas demandas ao seu redor, o que resgata um pouco do trabalho de Buckingham e Clinton em seu "Descubra seus Pontos Fortes", em que a gestão e a liderança se baseiam nos talentos das pessoas.
For fim, as citações são interessantes. Porém, cuide sempre em pesquisar a história de seus autores, para não incorrer no risco de multiplicar frases que Miller nos propõe como reflexão, mas cujos autores tem filosofias próprias e ideais duvidosos, como o caso de William Jennings Bryan (vale a pesquisa no Wikipedia - rs).
Recomendo a leitura, sempre de forma crítica, pois as ideias e a forma de pensar no autor não tem, ao meu ver, uma aplicabilidade essencialmente prática, porém, pode gerar reflexões interessantes ao leitor.
Do mais, fica o convite a quem se interessar por ler Dan Miller, em "Segunda-feira nunca mais", de compartilhar suas impressões comigo.

Com apreço,
Rafael Giuliano